O abalo causado pelo novo coronavírus — em particular na economia — será o principal mote para a seleção e treinamento de startups em um programa de aceleração que terá início em agosto no Rio Grande do Sul. O BRDE Labs, lançado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, irá escolher 10 empresas de tecnologia do Estado, ainda em fase inicial, para ajudar a esculpir o negócio, desenvolver seu produto e se aproximar de investidores e potenciais clientes.
O objetivo é estimular negócios inovadores que desenvolvam softwares, aplicativos ou hardware para melhorar a produção de indústrias, do comércio e da cadeia do agronegócio após o controle da pandemia. As empresas receberão ajuda de custo do BRDE e mentoria para preparar o negócio durante quatro meses. Quem conduzirá o programa será a aceleradora Ventiur, de São Leopoldo, que em março foi selecionada em edital.
— Vamos preparar empresas que possam trazer tecnologia para este "novo-normal" causado pelo coronavírus. Isso significa softwares para melhorar a produtividade do home office, Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) para controlar remotamente a produção industrial e equipamentos que ajudem o campo a manter a produtividade — exemplifica Sandro Cortezia, diretor-executivo da Ventiur.
Na seleção, serão priorizadas startups dos setores de Agronegócio, Saúde, Indústria 4.0, IoT, Tecnologia da Informação (TI), Energia, Educação, Logística e Meio Ambiente. A escolha envolve avaliação e realização de desafios online, e receberá inscrições de 4 a 31 de maio, pelo link do projeto na acelaradora Ventiur. O projeto não prevê investimento direto, mas, ao final do treinamento, as três melhores startups receberão uma premiação do BRDE e poderão obter um investimento adicional da rede de investidores da aceleradora e de fundos apoiados pelo banco.
A agenda de atividades do BRDE Labs começa já em maio. Em parceria com a Aliança pela Inovação, que envolve os três principais parques tecnológicos do Estado — Parque Tecnológico São Leopoldo ( Tecnosinos), Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) e Parque Zenit da UFRGS —, o programa realizará eventos online (lives) com sociólogos, economistas e outros profissionais que ajudem a delinear a economia no cenário pós-coronavírus. O conteúdo será aberto ao público, e o calendário será divulgado nos próximos dias neste link.
Conforme Susana Kakuta, CEO do Tecnosinos, as palestras, focadas em empreendedorismo, serão um caminho valioso para reforçar o preparo das startups gaúchas para atravessar a atual crise.
— Há uma nuvem sobre as expectativas com a economia que aumenta ainda mais os riscos aos negócios, e estar munido de informações é fundamental para entender as ameaças e as oportunidades neste contexto — avalia Susana.
O BRDE Labs foi lançado no ano passado e sua primeira ação prática será o programa de capacitação. Conforme Mauricio Mocelin, superintendente do banco no Rio Grande do Sul, a ideia original do projeto era aproximar o BRDE de empresas inovadoras ainda em estágio inicial, já que hoje os fundos e as linhas de repasse miram companhias de maior porte. Entretanto, com a pandemia, o programa ganhou um novo direcionamento.
— Com esta mudança de realidade trazida pela covid-19, a inovação será ainda mais importante para modernizar a produção das empresas e estimular a economia do Estado — afirma Mocelin.
O treinamento de startups poderá ser a semente para a futura instalação de um hub de tecnologia na sede do BRDE em Porto Alegre, focado em atender principalmente às necessidades de empresas financiadas pelo banco, explica o superintendente, o que seria a segunda etapa do BRDE Labs.