O Facebook volta a ficar na mira dos investigadores antitruste da União Europeia (UE). Agentes requisitaram documentos internos relacionados a supostas tentativas da companhia de Mark Zuckerberg de superar rivais por meio do uso de dados de usuários. A reportagem foi feita com base em informações fornecidas por pessoas envolvidas com o caso. Os dados são do jornal Folha de S.Paulo.
A investida atrás de possíveis indícios de comportamento desleal do Facebook surgiu após denúncias de empresas rivais e políticos que afirmaram que a rede social fez uso do acesso a dados sensíveis dos usuários para eliminar adversários no mercado e recompensar parceiros.
O que está no centro da investigação são as modificações que o Facebook fez em sua plataforma para permitir que desenvolvedores de aplicativos acessem seus dados, bem como o uso pela rede social do Onavo, aplicativo israelense de rede privada virtual que a gigante tecnológica comprou em 2013, explicou o periódico. Este app forneceu à empresa de Zuckerberg informações valiosas sobre o uso de plataformas rivais por seus clientes.
Em 2019, o Facebook encerrou as atividades do Onavo. Além disso, afirmou que usou o app como uma de suas várias ferramentas de inteligência mercadológica e revelou que coletava dados dos usuários. Ele disse que manteve uma abordagem de princípios no trabalho com desenvolvedores de apps, e que mudanças em sua plataforma foram feitas para construir uma empresa sustentável.
A Comissão Europeia, por sua vez, exigiu que a gigante da internet apresente uma série de documentos – incluindo e-mails internos, bate-papos e apresentações relacionadas a esses assuntos – usando uma lei da UE que permite multas diárias para punir desconformidades.
Advogados representantes do Facebook reagiram e afirmaram que as ordens iniciais foram muito amplas e que poderiam trazer à tona informações pessoais sobre funcionários do Facebook, conforme revelaram algumas das fontes inteiradas do caso.
Em contrapartida, a comissão emitiu um novo pedido que reduz o número de pedidos de documentos. Contudo, pessoas conectadas ao caso afirmaram que o Facebook não tinha conhecimento de uma solicitação menos abrangente até quarta-feira (5).
No caso de uma investigação formal resultar em uma decisão contra a empresa, a UE pode ordenar que o Facebook modifique suas práticas comerciais e emita multas de até 10% sobre a receita anual mundial, o que, para a companhia, representaria mais de US$ 7 bilhões, com base na receita do Facebook em 2019.