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Ponderações sobre economia, inovação e relações entre empresas e clientes na era digital marcaram algumas das principais palestras do Festival de Interatividade e Comunicação (FIC17), realizado na quinta e na sexta-feira em Porto Alegre. Em mais de 20 painéis, convidados nacionais e internacionais discutiram temas concentrados nas tendências e nas oportunidades voltadas à economia da experiência.
Com trabalhos em gestão de dados realizados para o governo americano e o Banco Mundial, entre uma série de outros clientes, o cientista de dados Ricardo Cappra destacou o quanto a análise de algoritmos pode ser útil – e, mais do que isso, em breve até fundamental – para pautar a tomada de decisões em empresas, sejam elas nativas digitais ou não.
— Com tantos dados disponíveis em todos os lugares, mudou o jeito de a gente trabalhar a informação. Se ela antes chegava primeiro na mesa do diretor, hoje chega a todos na mesma hora. O que precisamos fazer é analisar tudo o que chega, filtrar e transformar naquilo que vai ser realmente importante — explicou Cappra.
Ele destacou que a análise de dados permite transformar o caos da infinidade de informações disponíveis em experiências que façam sentido. Para o cientista de dados, o caminho agora é cada vez mais personalizar os serviços – algo que, afirma Cappra, empresas inovadoras como Google, Netflix e Spotify já fazem.
Curador e diretor de programação da Japan House em São Paulo e responsável por dezenas de exposições no Brasil e em outros países, Marcello Dantas destacou que os responsáveis pelo atendimento ao público em todos os setores precisam se concentrar em criar uma experiência completa, imersiva e inesquecível para seus públicos — como ele aponta ter feito em lugares como o Museu da Língua Portuguesa, também na capital paulista. Para Dantas, só uma experiência memorável proporciona longevidade a qualquer coisa.
Como aliar comunicação e inovação nas empresas
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Em um dos painéis de encerramento do FIC17, a vice-presidente de Produto e Operações do Grupo RBS, Andiara Petterle, e o vice-presidente de Mercado, Marcelo Pacheco, destacaram a importância de aliar comunicação e inovação nas empresas. Para ambos, o mundo digital traz uma série de desafios, especialmente para empresas fundadas em décadas passadas, mas também recompensa quem decide arriscar e oferecer novos produtos pensando nas pessoas.
— Nós temos a chance de mudar uma indústria. Nós estamos fazendo algo que todo mundo no Brasil está olhando. A RBS está à frente do seu tempo — ressalta Pacheco.
Para Andiara, a digitalização é um desafio relativamente pequeno perto do que já se construiu ao longo da história do veículo. Ela destaca que, ao mesmo tempo em que a distribuição de conteúdo está se transformando, a relação com o consumidor está cada vez maior:
— Em um cenário de grandes transformações, credibilidade e comunicação integrada, a partir da jornada de consumo do público, são cruciais para marcas e negócios no futuro — afirma.
O festival, no BarraShoppingSul, contou ainda com nomes de peso no universo da tecnologia, da criação e do consumo, como os americanos Brian Solis, estudioso sobre tecnologias disruptivas e seu impacto nos negócios e na sociedade, e Jon "Maddog" Hall, presidente da diretoria do Linux Professional Institute e CEO da Optimal Dynamics.
O antropólogo e futurista Brian Solis iniciou as atividades do evento apresentando um pouco de sua visão sobre o encontro da experiência de usuários com o design. Para ele, o público não quer comprar produtos, não quer comprar marcas, mas estar à frente de experiências. Solis mostrou alguns pilares nos quais a experiência deve ser levada em consideração, como design, tecnologia, serviço, consumidor e empregado.
— Vivemos em um momento em que a sua marca é definida pelas experiências que as pessoas têm com ela, e o que elas compartilham — destacou.
Direcionado a profissionais de marketing e tecnologia da informação, agências de comunicação, start-ups, agentes digitais e empresas nativas da economia pós-digital, o FIC17 foi promovido pela Associação Brasileira dos Agentes Digitais — Regional Rio Grande do Sul (Abradi-RS), com correalização do Seprorgs Plataforma de Negócios Digitais do RS e patrocínio master do Grupo RBS.