O 12 de outubro é uma oportunidade para que pais pensem na importância da brincadeira na vida das crianças. Aos filhos, é mais um dia no qual lazer e aprendizado podem caminhar juntos – se os momentos envolverem a família, melhor ainda. Dá para ter atividades que remetam à infância dos adultos, com brincadeiras clássicas, ou buscar a melhor maneira de utilizar a tecnologia.
A psicopedagoga Sheila Leal, especialista em desenvolvimento infantil, defende que os adultos estejam presentes nas brincadeiras por pelo menos 15 minutos diários.
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– Gostaria que, a partir deste dia 12, os pais começassem a perceber como é válida a descoberta longe do computador e do trabalho. Estarem dispostos a brincar, com atividades dirigidas pela própria criança ou pelos pais – diz Sheila, autora da página Filhos Brilhantes (facebook.com/seusfilhosbrilhantes).
Graduada em Fonoaudiologia, ela explica que, quanto mais a criança brinca, mais linguagem ela consegue estabelecer.
– Quando está diante da linguagem do pai e da mãe, brincar fica ainda melhor. A criança começa a perceber que a questão não é só estar ali com o brinquedo. É muito mais: é explorar, resolver problemas, enfrentar dificuldades – conta Sheila. – É fundamental para todo o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental – acrescenta.
À medida que a criança cresce, seu interesse por determinados brinquedos e o benefício que eles proporcionam vai se transformando. Envolvem coordenação motora, linguagem, imaginação, divisão, raciocínio e por aí vai.
Equilíbrio é a solução ideal
Aos pais, não vale ficar comparando qual infância é melhor: a das gerações passadas ou das atuais. A tecnologia está presente no dia a dia, e com as crianças não é diferente. Os produtos digitais não são um problema em si; o uso que se faz deles é que vai ditar se podem ou não ser benéficos.
Integrante do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (Geat), a psicóloga Aline Restano sustenta que a tecnologia é um problema no momento em que gera prejuízos, como quando começa a influenciar no sono ou prejudicar o desempenho no colégio e a socialização:
– Um exemplo é se a criança deixa de estar junto da família ou de ir a aniversários para jogar videogame ou ficar nas redes sociais.
Aline, que é especialista pelo Centro de Estudos, Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência (Ceapia), afirma que não há uma receita pronta. Verificar o impacto da tecnologia na vida das crianças passa pela observação.
– Incentivamos que os pais acompanhem o que os filhos fazem no videogame, que tentem jogar junto e saber como é o jogo. Como os adultos não entendem da ferramenta, é difícil entrar neste mundo, então as crianças ficam muito sozinhas – ressalta a psicóloga, lembrando que o percentual de crianças diagnosticadas como dependentes de tecnologia ainda é baixo.
Uma das dicas de Aline é que os adultos conversem com os pais de outras crianças. Trata-se de uma forma de ver quais jogos podem ser permitidos e quais devem ser evitados por dar medo ou tirar o sono. Outra sugestão é que a família crie suas próprias regras para uso de TV, tablet e videogame:
– Com criança, sempre que a gente combina antes, elas tendem a querer cumprir. O que importa é a família reconhecer qual os momentos importantes de estar junto e também combinar com o filho como os presentes serão usados antes de entregá-los. É importante os pais deixarem claro que, se der problema, os aparelhos podem ser retirados.
Bonecas e fantasias
Antes de Anita nascer, a psicóloga Kátia Bressane, 29 anos, e o tradutor Paulo Santos, 31 anos, já haviam decidido: queriam que o uso da tecnologia pela menina fosse controlado. E é assim que acontece há três anos e 10 meses.
– Demorei a introduzir, pois vejo que o estímulo precoce prejudica o desenvolvimento. A gente faz o uso de forma bem moderada, pois não tem como fugir – conta Kátia.
A pequena diz que suas brincadeiras favoritas são com fantasias – e ela mostra isso vestindo uma roupa de abelhinha –, além da pracinha. À medida que vai vendo os brinquedos na sala, aponta um a um até finalizar:
– Eu gosto de brincar de boneca de tecido.
A mãe ainda acrescenta que busca fazer atividades com a participação de toda a família, como brincadeiras ao ar livre em parques, idas à feira e cozinhar junto.
– Ela brinca sozinha, mas também pede a nossa presença. Ela gosta muito de criar historinhas colocando coisas que aconteceram durante o dia nas brincadeiras. Também adora brincar com as bonecas – lembra Kátia, acrescentando que a última diversão a menina herdou da mãe.
Vídeos e jogos
Filhas de um relacionamento que começou pela internet, entre uma porto-alegrense e um carioca, Alice e Sofia têm a quem puxar. As meninas – de cinco anos e um ano e nove meses – adoram tecnologia desde que começaram a ver desenhos na TV e jogar no tablet. Hoje, vídeos e games baixados no celular estão entre as brincadeiras favoritas.
O gosto pelos produtos digitais faz com que os pais fiquem atentos: controlam ao que elas podem assistir e quais downloads são permitidos. Não é por que determinado desenho é voltado a crianças que a visualização está liberada.
– Identificamos os vídeos que têm estereótipos e não deixamos elas verem. Se já assistiram, aproveitamos para ensinar o que é certo e o que é errado – afirma o publicitário Alex Rodrigues, 45 anos.
Alice, a mais velha, enumera o que gosta de usar: YouTube Kids, Netflix e diversos joguinhos, como Bel para meninas e Brincando com Ariê. Ela diz que a mana, que ainda ensaia as primeiras palavras, tem um preferido:
– Peppa Pig.
Paula Guerra, a mãe da dupla, relata que as telas acalmam e entretêm as meninas.
– A Sofia nunca vê até o fim, mas vai trocando os vídeos sozinha – acrescenta a também publicitária, 37 anos.