O primeiro presidente americano a participar do South by Southwest (SXSW), o festival de música, cinema e inovação que ocorre pela 30ª vez em Austin, Texas, causou muitas emoções na sexta-feira. Participantes do festival passaram o dia disputando ingressos em filas quilométricas e sorteios na internet, e a partir das 11h começaram a lotar os 2,4 mil lugares do Long Center, na beira do rio Colorado.
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O evento também foi transmitido ao vivo para grandes salas do centro de convenção da cidade e para a internet por meio do site oficial do evento. Barack Obama subiu ao palco com meia hora de atraso.
– Eu amo Austin, Texas – foi a primeira coisa que disse.
A economia tem mudado muito rapidamente, e o SXSW traz para a cidade pessoas que estão causando essas mudanças.A tecnologia, segundo Obama, tem feito seu governo trabalhar de forma mais ágil.
Imigrantes podem atualizar seus green cards pela internet, estamos unificando o banco de dados do nosso sistema de saúde, e a razão que me traz ao SXSW é recrutar pessoas que possam nos ajudar a resolver problemas sérios que podem ser solucionadas através de tecnologia. O gaúcho Bruno Dreher, de Bento Gonçalves, saiu da palestra inspirado:
– O clima foi de total emoção. Obama é um cara que entende muito a realidade do mundo e nos faz acreditar que realmente podemos resolver grandes problemas no mundo – disse.
Do lado de fora do evento, ocorria um pequeno protesto do grupo Open Carry Texas, que defende o direito do porte de armas para todos os cidadãos americanos. O grupo, todos portando armas, declara que o ato tem o objetivo de educar a população sobre o tópico.
Alheio aos protestos, Obama tratou principalmente de assuntos ligados à tecnologia, o tema principal do South by Southwest. Porém, a conversa com o editor chefe do Texas Tribune, Evan Smith, teve momentos controversos.
Não deveria o governo, antes de estimular mais tecnologia no governo, melhorar o acesso de internet para grupos hispânicos e negros?" perguntou Smith.
– Estamos aumentando a cobertura. Nossa expectativa é de que daqui a dois anos, 99% das escolas públicas terão acesso à internet rápida – respondeu o presidente, para, logo em seguida ouvir aplausos entusiasmados.
Quando a organização do evento pediu para encerrar a entrevista, Obama respondeu, arrancando risos da plateia:
– Eu sou o presidente, então vou falar por mais um minuto.
Sobre um crescente assunto aqui nos EUA, o voto com tecnologia, o presidente brincou: "é mais fácil pedir uma pizza do que realizar o voto, o maior representante da democracia americana". Como foi o tom de toda a conversa, Obama pediu para quem trabalha com tecnologia no SxSW pensar e desenvolver algo que apenas 55% da população do país faz atualmente: vota (no país de Beyonce e Jay-Z, o voto não é obrigatório).
"Obama é um presidente querido"
Por Luciano Potter
O que parece mais estranho para um brasileiro observar em uma aparição pública de um presidente da república é algo chamado aplauso. Não era uma entrega de casas, hospital ou um outro programa público. Nem uma entrevista com uma plateia partidária, com bandeirinhas e sorrisos.
Obama foi aplaudido muitas vezes, e ele dosa isso com brincadeiras, pausas dramáticas e até falando sério no caso das manchetes tecnológicas e políticas dos jornais americanos: a batalha entre Apple e FBI. Obama é um presidente querido. Mesmo quando não respondeu como que milhões de casas no país que governa ainda não tem uma internet rápida (sim, eles também reclamam disso).
Aqui no SXSW, o evento mais inovador do mundo, com maior foco no futuro do planeta, a plateia, atolada em seus smartphones, relógios inteligentes e roupas moderninhas, queria mesmo era chegar perto do Obama, que há sete anos, ganhava sua primeira eleição presidencial.