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Como bandidos usaram o nome do chefe da Polícia Civil do RS para aplicar golpe; veja vídeo

No ano passado, quadrilha usou identidade e foto do delegado Fernando Sodré para ameaçar vítima. Jovem, de 22 anos, pagou cerca de R$ 50 mil ao grupo criminoso, alvo de operação nesta terça-feira

Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil.

No início do ano passado, um morador do noroeste do Estado, de 22 anos, trocou mensagens e fotos íntimas com uma jovem pela internet. Na manhã seguinte, recebeu pelo WhatsApp a ligação de um homem, alegando ser pai dela e que se tratava de uma adolescente.

O rapaz foi envolvido na trama, na qual os criminosos se passaram, inclusive, pelo chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré. O grupo, por trás desse esquema, é alvo de operação da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas nesta terça-feira (25).

No primeiro contato, com o criminoso que se passava pelo pai da menina, o jovem foi informado de que ela era menor de idade e apresentava problemas de saúde mental. Um falso laudo psiquiátrico foi enviado por mensagens. "Estou um pouco surpreso e assustado com o que acabei vendo no telefone dela", escreveu o falso pai.

O criminoso insistiu, dizendo que precisava conversar ou iria na delegacia. "Minha filha teve uma convulsão quando perguntamos quem era você. Foi para o hospital. Se é um rapaz decente, não percebeu os problemas dela. Vamos entender", escreveu. Após o rapaz aceitar atender a ligação começaram as extorsões.

Inicialmente, o falso pai cobrou R$ 3,7 mil por um computador da adolescente, que teria sido danificado. O jovem chegou a enviar parte do pagamento. Na sequência, no entanto, recebeu mensagens de um falso delegado de polícia, alegando que havia recebido o caso. Ele disse estar com o telefone da adolescente e que se tratava de uma situação grave. O falso policial alegou que, apesar disso, poderia tentar resolver a situação.

Polícia Civil-RS / Divulgação
Mensagens enviadas pelos criminosos, fingindo ser delegado.

A partir daí, a troca de mensagens seguiu, com os criminosos forjando inicialmente a internação da adolescente em uma clínica para tratamento psiquiátrico. O jovem fez novos pagamentos para custear o tratamento da adolescente. Ao longo das conversas, os criminosos mudaram a estratégia e alegaram que a garota havia falecido, e que ele precisava pagar os custos funerários.

Durante as extorsões, ele recebeu novas mensagens de um telefone onde o criminoso se identificava como o delegado Fernando Sodré. Ele alegava ser o “chefe da corregedoria geral de Campo Bom”. Nas mensagens, o criminoso disse que estava investigando o rapaz e o delegado que tinha aceitado os pagamentos. 

Polícia Civil / Reprodução

— Eles usaram a foto do Chefe de Polícia para causar mais constrangimento. E aí a vítima acabou depositando, acreditando que estava falando com ele. A polícia não vai fazer contato com uma vítima dessa forma e muito menos exigir valores para não iniciar inquérito ou fazer acordo para que a pessoa não seja processada — afirma a delegada Luciane Bertoletti. 

A quadrilha chegou, inclusive, a enviar um falso mandado de prisão em nome da vítima. Por fim, o rapaz enviou ao todo cerca de R$ 50 mil ao grupo criminoso para não ser preso. Somente quando as extorsões seguiram, depois disso, é que ele decidiu procurar a polícia. 

Polícia Civil / Reprodução
Troca de mensagens entre os golpistas e a vítima.





A operação

Nesta terça-feira, a Polícia Civil prendeu seis pessoas por suspeita de envolvimento neste golpe. Esta é a segunda fase da operação – em setembro do ano passado outras seis pessoas já tinham sido presas, mas a ação não chegou a ser divulgada na época.

Conforme o delegado Sodré, ele foi alertado pelas redes sociais que alguém estava usando seu nome para aplicar golpes. O policial alerta que não é incomum esse tipo de grupo criminoso fazer uso do nome de autoridades públicas para extorquir as vítimas.

— Estavam não só cometendo um crime, mas também usando a foto do chefe de Polícia. Na primeira fase, já tivemos pessoas presas. E na segunda fase foi descoberta essa ramificação desse grupo, que vai além daqueles que fazem o contato, o golpe. São outras pessoas que repassam os valores entre eles — afirma Sodré.

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, que coordena a investigação, há suspeita de que os mesmos criminosos tenham agido contra outras vítimas, em razão dos valores movimentados em suas contas.

— Esses valores eram pulverizados entre os criminosos que faziam parte desse grande esquema — diz a delegada.

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