A investigação sobre o caso do homem de 28 anos morto após uma briga na Avenida Venâncio Aires, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, deve ser concluída até a próxima sexta-feira (18). Um suspeito segue preso.
Segundo o delegado Eric Dutra, titular da 2ª Delegacia de Homicídios da Capital, o inquérito pode ser remetido à Justiça sem indiciamento por homicídio.
Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (15), Dutra disse que trabalha com a hipótese de legítima defesa.
Vai ser analisado com mais calma, mas no momento, com os elementos que nós temos, é uma legítima defesa bem clara ali. Ele não começou em momento algum a agressão. Ele só agrediu para se defender, usando dos meios necessários e proporcionais.
DELEGADO ERIC DUTRA
Segundo o delegado, o homem que morreu, Aristides Mathias Flach Braga, e um jovem de 24 anos teriam agredido Matheus Henrique Silva, 23, quando ele estava indo para casa.
O delegado aponta que imagens de vídeo obtidas pela polícia mostram que o primeiro a agredi-lo foi Aristides, com um pedaço de madeira. Depois, veio o segundo jovem e também desferiu golpes.
Silva reagiu dando um golpe de canivete fatal na barriga de Aristides e no rosto do outro envolvido na briga, que está hospitalizado em estado gravíssimo. A confusão aconteceu na madrugada desta segunda-feira (14).
— Agora estamos querendo investigar o porquê disso. As imagens comprovam bem o depoimento dele (Silva). Ele até demorou muito para se defender — pontua o delegado.
Aristides era investigado por crimes de ódio e envolvimento com grupos neonazistas. Ele se tornou réu em 2022 por comparar pessoas negras a macacos. Ele também teria oferecido banana em transmissões ao vivo pela internet. Segundo o delegado, somente ele tinha antecedentes criminais.
Fim da amizade e ameaças
O delegado explica que, de acordo com o depoimento de Silva, ele vinha sendo ameaçado pelos outros dois envolvidos há algum tempo. No entanto, não foi feito nenhum registro policial destas ameaças, segundo o delegado.
Silva também relatou à polícia que era amigo do rapaz que está hospitalizado, mas que, quando ele e Aristides se conheceram, o jovem teria "mudado de lado" e a amizade acabou. No momento da agressão, conforme o depoimento, o rapaz também teria sido xingado com um termo de cunho antissemita.
— Por toda essa relação, esse histórico de neonazismo que envolve o Aristides, eu acredito que essa questão possa sim ter relação com a briga — diz o delegado.
A polícia já ouviu testemunhas que presenciaram o desentendimento e tem um vídeo que registrou toda a briga. Segundo o delegado, ainda está sendo apurado se existe ligação do fato com algum grupo extremista.
Silva segue preso no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp). Se não houver indiciamento, ele pode ser colocado em liberdade.