A Polícia Civil indiciou 11 suspeitos em uma investigação contra o grupo por trás de um esquema de agiotagem em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O crime pelo qual foram indiciados é o de extorsão majorada. Dois deles também foram apontados como agiotas.
Segundo o delegado Gabriel Lourenço, substituto na 1º Delegacia de Polícia (1ª DP) de Sapucaia do Sul, o grupo atuava de maneira organizada, com setores e funções definidas. Agiotas ofereciam empréstimos com altas taxas e, mesmo após o pagamento, continuavam cobrando valores que diziam ser referentes a outros juros.
A investigação apurou que, para garantir o pagamento, capangas de uma facção ligada ao tráfico de drogas eram contratados para ameaçar e perseguir as vítimas.
O trabalho policial se iniciou a partir da denúncia de uma vítima. Ela contou que pegou um empréstimo com um agiota de Sapucaia do Sul e que, mesmo pagando a dívida com juros, passou a viver um pesadelo: membros do grupo apareciam em sua casa e também enviavam, por mensagem, fotos de armas e vídeos que mostravam ela e seus familiares em sua rotina diária.
"Loira" seria articuladora do esquema
Entre os indiciados estão duas pessoas que, conforme a polícia, apareceram diversas vezes durante as investigações: uma mulher que atendia pelo codinome "Loira" e um pai de santo. Eles e mais quatro investigados foram presos no dia 11 de julho.
O líder religioso foi preso em Alvorada, onde está localizada sua casa de religião. O homem é apontado como um dos encarregados de enviar as mensagens e ameaças às vítimas.
Já a mulher foi presa em Itajaí, Santa Catarina. Ela foi identificada pela polícia como uma das principais articuladoras do grupo criminoso. Segundo a investigação, há relatos de que ela já trabalhou em um banco e colocaria sua experiência com valores a serviço do grupo criminoso.
Parceria com traficantes
Nessas intimidações, o grupo contava com a participação de membros de uma facção criminosa com origem no Vale dos Sinos. O papel deles seria a cobrança dos valores e dos respectivos juros. O delegado conta que era um serviço contratado.
— Era como uma terceirização, para os outros membros não precisarem “sujar as mãos”. Eram eles (os integrantes da facção) que faziam o trabalho de campo, iam atrás das vítimas, seguiam elas — explica Gabriel Lourenço, que afirma que esta prática tem se tornado comum entre agiotas.
Os nomes dos indiciados não foram divulgados. O inquérito segue agora para análise do Ministério Público.
* Produção: Camila Mendes