O homem condenado por estupros e assaltos que conseguiu escapar do Presídio Central, na última sexta-feira (23), trabalhava no local a pedido da própria direção da cadeia. A informação foi confirmada nesta terça-feira (27) pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, um dia após a recaptura de Paulo César Nechel pela Brigada Militar na Lomba do Pinheiro, zona leste da Capital.
Conforme decisão, a Vara de Execuções Criminais (VEC) autorizou os serviços na Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA), nome oficial do Presídio Central, desde de 12 de junho.
"Autorizo o deslocamento e trabalho diário do apenado na CPPA, mediante escolta, conforme solicitado. Comunique-se à Susepe", cita o despacho assinado pelo juiz Geraldo Anastácio Brandeburski Júnior.
Cumprindo pena em regime fechado na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), Paulo César Nechel era levado diariamente por 30 quilômetros até o Central, em Porto Alegre. Questionada pela reportagem sobre a escolha deste detento para o trabalho, apesar da sua periculosidade, a Polícia Penal respondeu que ele foi designado por ter "habilidades técnicas para a função de pedreiro" (leia a íntegra da manifestação abaixo).
A Justiça também informou que é a própria casa prisional que analisa o perfil dos presos e pede autorização judicial. Neste caso, como o serviço é realizado dentro do sistema prisional, não é considerada uma progressão de regime.
Em 2019, quando foi preso pela última vez até então, a Polícia Civil informou que Nechel somava mais de cem anos de condenação por diversos crimes. Na época, ele foi reconhecido por nove vítimas.
Atualmente, a pena está em 77 anos, 10 meses e 25 dias, sendo que 22 anos, três meses e cinco dias foram cumpridos.
Zero Hora conseguiu identificar 10 condenações pelos crimes de roubo, sequestro, estupro e extorsão. Os casos ocorreram entre junho de 2004 e outubro de 2019. Nechel começou a cumprir pena em 25 de junho de 2004, e fugiu pela primeira vez em 25 de abril de 2010.
Nechel voltou a ser preso em setembro daquele ano – nesse meio tempo, já havia atacado a moradora da Zona Sul, entre outras mulheres. Em março de 2019, progrediu para o regime semiaberto e foi preso novamente, apontado como autor de novos ataques.
O que diz a Polícia Penal
Cabe à Polícia Penal a ressocialização. O trabalho é um dos pilares da reinserção social. Para tanto, o estabelecimento prisional solicita autorização judicial, como foi o caso deste apenado, que possui habilidades técnicas para a função de pedreiro, que vinha desempenhando na Cadeia Pública de Porto Alegre.