Um acidente de trânsito que matou três pessoas da mesma família e deixou outras duas feridas — uma delas com sequelas graves — há quase 10 anos no Vale do Rio Pardo leva um tenente-coronel aposentado da Brigada Militar a júri nesta segunda-feira (29).
Afonso Amaro do Amaral Portella é acusado de três homicídios simples, uma lesão grave e outra gravíssima. A colisão aconteceu na RS-287, em Vale do Sol. O julgamento é realizado no município de Vera Cruz.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o oficial aposentado estava embriagado no momento do acidente e atingiu o veículo da família. Portella seguia em direção a Santa Maria, na Região Central, onde residia, enquanto as vítimas trafegavam com destino a Santa Cruz do Sul. O Gol onde estava a família ficou destruído na colisão com o Vectra do policial militar.
Morreu no acidente o casal Hugo Morsch, 78 anos, e Herta Glicéria Morsch, 75, e a filha deles, Vitória Terezinha Morsch dos Santos, 49 anos. Ficaram feridos Jorge Antônio dos Santos, 51 anos, marido de Vitória, e uma das filhas do casal, que tinha 13 anos na época. Jorge Antônio teve sequelas graves e chegou a permanecer quatro meses internado.
A investigação da Polícia Civil logo após o acidente apontou que o oficial teria participado de uma comemoração em Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo, e depois seguido em direção a Santa Maria, onde morava. Neste percurso, na rodovia, atingiu o veículo da família que vivia em Vale do Sol, e seguia para o aniversário de uma familiar no município de Santa Cruz do Sul.
Na época, ele foi indiciado pela Polícia Civil pelos três homicídios e pelas lesões corporais, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Em 2020, a Justiça determinou que o réu fosse a júri e depois disso houve uma série de recursos, até a data do julgamento ser agendada.
— Trata-se de um crime que teve uma enorme repercussão na comunidade de Vale do Sol e na região porque devastou uma família inteira, matando três pessoas e deixando uma outra com sequelas gravíssimas — afirma a promotora de Justiça Maria Fernanda Cassol Moreira, que fará a acusação pelo Ministério Público.
Ainda conforme a promotora, no entendimento da acusação, ficou provado que o réu assumiu o risco de causar o acidente “ao dirigir um veículo quando estava embriagado, isso depois de participar de uma confraternização e ingressar na rodovia em velocidade excessiva, invadindo a pista contrária e colidindo com o automóvel onde estavam as vítimas”.
— Então, há, evidentemente, uma grande expectativa pela realização do plenário, pois a família clama e espera há muitos anos pela punição do acusado — diz a promotora.
O júri
O julgamento ocorre na manhã desta segunda-feira. Durante a sessão, serão ouvidas inicialmente os dois sobreviventes do acidente. Logo depois, falarão duas testemunhas pela defesa do réu. Por último, será interrogado o réu. A sessão deve ser presidida pelo juiz Guilherme Roberto Jasper.
A defesa
Zero Hora entrou em contato com o advogado Daniel Tonetto, responsável defesa de Afonso Amaro do Amaral Portella, e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação sobre o caso.