O Ministério Público (MP) denunciou o pai de santo Cleber Otavio Silva da Silva, 45 anos, pelo abuso sexual de cinco crianças e adolescentes em Viamão, na Região Metropolitana. O acusado está preso preventivamente. A reportagem entrou em contato com a defesa de Cleber, que preferiu não se manifestar sobre o caso.
Segundo o MP, as vítimas de abuso tinham entre sete e 16 anos. Além do crime sexual, o homem foi acusado de ameaçar as crianças e adolescentes. Outras pessoas que teriam se envolvido no esquema também foram denunciadas.
A promotora Paula Bittencourt Orsi afirma que, em um dos casos, um menino foi abusado desde que tinha sete anos, entre 2019 e março de 2024. Os pais da criança foram denunciados por omissão.
— A fim de assegurar o silêncio da vítima, ameaçava reiteradamente o menino de que iria jogar feitiços contra ele e sua família, para que coisas ruins acontecessem com eles, caso contasse sobre os abusos. Quando a vítima se negava às práticas sexuais, o denunciado também a agredia fisicamente — diz a promotora.
Nos outros quatro casos, o MP denunciou o pai de santo e o companheiro dele, de 19 anos, que também foi preso por suspeita de abuso sexual contra crianças. A Defensoria Pública afirmou que o caso contra o companheiro está sob sigilo.
Em junho, a Polícia Civil indiciou o pai de santo por estupro de vulnerável e armazenamento, produção e distribuição de material pornográfico infantil. Ao menos 13 crianças e adolescentes teriam sido vítimas do investigado, segundo a polícia. Além dos cinco casos denunciados, o MP apura outros cinco casos suspeitos de abuso sexual.
Investigação
Segundo a Polícia Civil, o homem chantageava crianças e adolescentes e produzia material pornográfico. O suspeito fazia trabalhos voluntários com menores de idade na Região Metropolitana.
— Ele se colocava como guru dessas crianças e ele fazia chantagem. Ele dizia que, se elas não se submetessem a esses abusos, então ele, de alguma forma, faria com que algum mal acontecesse para os familiares delas, para as pessoas que elas gostavam — afirmou a delegada Marina Machado Dillenburg.
O caso foi descoberto quando uma dessas crianças, de 11 anos, denunciou o pai de santo. Ela apresentou mudanças de comportamento em um abrigo de acolhimento institucional, que abriga menores de idade afastados da família por determinação judicial, de acordo com uma assistente social do espaço.
— Agressividade, comportamento hostil, mudança de comportamento. A criança está bem, daqui a pouco ela tem um "sopetão" de agressividade. Esse foi o principal alerta que a gente teve — contou Cida de Jesus, coordenadora de abrigos no município.
O caso chegou à Polícia Civil, que começou a investigar. A apuração indicou que o pai de santo cometia os crimes há pelo menos 10 anos. Após a aproximação, começavam os abusos.
— Ele submetia essas crianças, além dessa tortura física, sexual, ele também fazia tortura no sentido de que eles tinham que passar por sessões religiosas e de curas — relatou a delegada.
Além disso, ele tentava adotar as crianças com o objetivo de conseguir a guarda definitiva delas. Para que elas não denunciassem o caso, eram chantageadas e manipuladas.
Conteúdo pornográfico infantil
A Polícia Civil também identificou dois integrantes de um grupo na internet usado por um pai de santo para divulgar conteúdo pornográfico infantil e organizar orgias com crianças e adolescentes.
— É uma coisa doentia. Além de produzir as imagens, ele divulgava. Ele repassava, ele tinha comunidades, grupos de WhatsApp, onde ele marcava encontros sexuais. Ele tinha toda uma identificação e um comportamento voltado para esse tipo de coisa — disse a delegada.
Os dois integrantes identificados devem ser responsabilizados por crimes como estupro de vulnerável, bem como armazenamento, produção e distribuição de material pornográfico infantil.