A mulher de 25 anos que forjou o próprio sequestro e cobrou resgate do marido, em Gravataí, deve ser indiciada nas próximas semanas pelo crime de extorsão. Uma amiga dela, de 35 anos, que teria ajudado na fraude, também deve ser responsabilizada.
O caso aconteceu no último dia 6, no município da Região Metropolitana, quando o companheiro procurou a polícia alegando que estava recebendo mensagens de supostos agiotas, que teriam sequestrado a esposa e exigiam valores para que ela não fosse executada. Horas depois, as equipes conseguiram localizar as mulheres, que confessaram a farsa e foram presas em flagrante.
O inquérito segue em andamento e deve indiciar as duas mulheres — que não tiveram os nomes divulgados — por extorsão majorada (pelo concurso de pessoas). Atualmente, as duas estão em liberdade provisória, enquanto corre a investigação.
Conforme a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, as circunstâncias do falso sequestro já foram esclarecidas pela Polícia Civil. Agora, os agentes buscam apurar se, de fato, a esposa estava devendo a agiotas e por isso planejou a fraude, como alega.
A mulher foi chamada na delegacia para depor nesta semana. Ela compareceu, acompanhada de um advogado, mas permaneceu em silêncio, segundo a polícia, sem assumir a fraude como fez no dia da prisão.
— Não descartamos que ela de fato possa ser vítima de ameaças, de extorsão por parte de agiotas. No entanto, ela compareceu e ficou em silêncio, não deu nenhum elemento que indique as ameaças, algo que possamos verificar, ver se realmente estaria em risco.
Nas mensagens enviadas ao companheiro, ela pedia uma quantia de R$10 mil.
O marido da mulher, vítima do caso, também foi intimado e esteve na delegacia com advogado. Ele optou por ficar em silêncio, assim como a companheira. Os dois estariam casados há alguns anos e têm três filhos juntos. A amiga da mulher, que também é investigada, ainda será ouvida pelas equipes.
Polícia investiga depósitos anteriores
Outra ponta do caso que segue sob investigação é o valor repassado pelo homem anteriormente, a pedido da mulher, que alegava estar devendo e sendo ameaçada por agiotas. Segundo o inquérito, o marido teria feito diversas transferências para diferentes contas desde o começo de janeiro. O valor total chega a quase R$ 7 mil.
— Queremos saber quem são as pessoas que receberam esse dinheiro e em que circunstância.
Mulheres foram localizadas em casa
Naquele dia 6, o marido começou a receber mensagens por volta das 15h. O contato era feito pelo telefone da esposa. Foram enviadas diversas ameaças e uma foto da suposta vítima com as mãos amarradas.
Os supostos sequestradores diziam que um resgate de R$ 10 mil deveria ser pago até o fim do dia, ou ela seria morta. O homem, então, procurou a polícia, que começou a investigar o caso.
A Brigada Militar e a Polícia Civil rastrearam o telefone da mulher, que estaria em uma casa no bairro Morada do Vale I. As equipes chegaram ao suposto cativeiro por volta das 18h e encontraram apenas a amiga da mulher. Ela seria moradora dessa casa e, ao ser questionada por policiais, confessou a armação. A esposa foi presa em uma rua ali perto, e teria recém saído da residência. Ela também admitiu, naquele momento, que se tratava de um falso sequestro e disse que usaria o dinheiro para pagar dívidas com agiotas.
— Tratamos desde o início como um sequestro real. A ocorrência deixou toda uma família apavorada e mobilizou uma grande contingente das forças de segurança — disse a delegada no dia do fato.