Uma dívida milionária pela venda do frigorífico Boa Vista, de Santa Maria do Herval, no Vale do Sinos, foi a motivação para o assassinato do empresário e ex-vice prefeito do município Adélcio Haubert, 65 anos. Essa foi a conclusão da denúncia encaminhada pelo Ministério Público e aceita pela Justiça na terça-feira (19), com base no inquérito que investigou o caso por dois anos.
O empresário e comprador do frigorífico Cristiano de Bem Cardoso é apontado pela denúncia como o mandante do crime, que aconteceu na casa da vítima em outubro de 2020. Ele é réu pelo crime. Além dele, outros dois respondem por homicídio qualificado e tentativa de homicídio da esposa de Adélcio, que também se feriu na ação.
"Inconformado por estar sendo cobrado por uma dívida milionária decorrente da compra do Frigorífico Boa Vista, que era de propriedade das vítimas, inclusive mediante processo de execução, mandou Sílvio Cristiano Soares das Chagas, com quem tinha estreita relação, matar as vítimas" cita trecho da denúncia do MP, a qual GZH teve acesso.
Sílvio, conforme a denúncia, tinha conhecimento do local e acesso às imagens da residência por ter sido segurança de Adélcio durante anos. Para o crime, teria cooptado ainda outras duas pessoas, Jôni André Haubert e outro executor que nunca foi identificado.
O crime foi executado em 21 de outubro de 2020, por volta das 19h50min, no bairro Boa Vista do Herval onde a vítima morava em uma casa envidraçada. Segundo a investigação, os atiradores ficaram escondidos na frente da casa esperando o casal aparecer na sala de casa. De fora para dentro, pelo vidro, dispararam contra as vítimas.
Adélcio foi atingido na cabeça e permaneceu em coma até o dia 26 de outubro, quando morreu no hospital. Flávia também foi atingida, mas sobreviveu.
Contrapontos
O que diz a defesa de Cristiano de Bem Cardoso
Cristiano de Bem Cardoso é representado pelo advogado Claudio Oraindi Rodrigues Neto. Ele afirmou que seu cliente é inocente e que o Ministério Público desconsiderou provas apresentadas durante o inquérito policial. Alega que Cardoso comprou o frigorífico já em recuperação judicial e que vai provar a inocência ao longo do processo.
O que diz a defesa de Jôni André Haubert
O advogado Fábio Adams, que representa Jôni André Haubert se manifestou por meio de nota:
"Meu cliente está sendo acusado injustamente. E existem outras vertentes de prova nos autos do processo que indicam que a motivação para o crime poderia estar relacionada a várias outras hipóteses, como dívidas da vítima com agiotas e até envolvimento com cartel de frigoríficos. Inclusive, a vítima iria depor no dia seguinte no MP em Porto Alegre como denunciante deste cartel. Há uma prova nos autos que foi simplesmente ignorada pela acusação e pelo MP e no momento oportuno vamos nos manifestar sobre isso."
O que diz a defesa de Sílvio Chagas
Sílvio Chagas não foi encontrado pela reportagem. Uma advogada cadastrada no processo afirmou que atuou apenas durante a fase de inquérito policial e que não está mais na defesa. Na ação penal, o réu ainda não cadastrou defensor.