Em uma contraofensiva estruturada por trabalhos de investigação continuados após a revelação de crimes pela Polícia Civil gaúcha, as autoridades apreenderam e retiveram bens e valores estimados em cerca de R$ 250 milhões. Trata-se de imóveis, automóveis, veículos aquáticos, joias e acessórios de luxo que teriam origem nas atividades de tráfico de entorpecentes, assalto a bancos, agiotagem e tráfico de armas. Somente em um dos endereços alvo da ação, os agentes apreenderam quase R$ 1 milhão em dinheiro vivo.
Na Operação Repasse, deflagrada nesta terça-feira (12) pelo Departamento de Polícia Metropolitana (DPM) com base em investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Viamão, foram apreendidos veículos, joias, relógios, armas e somas em dinheiro, por meio do cumprimento de 138 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Nove pessoas foram presas e 29 armas de fogo foram retiradas das mãos do crime organizado.
— A operação representou a segunda fase de um trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de um ano. Nessa fase o objetivo principal era a asfixia financeira da organização criminosa. E o resultado foi muito positivo considerando o que foi nossa proposta inicial. A apreensão de aproximadamente R$ 1 milhão em espécie, 20 veículos e 29 armas de fogo demonstra o sucesso da operação — analisa a diretora do DPM, delegada Adriana da Costa.
Segundo a delegada, os investigados utilizavam empresas de diversos ramos, como revendas de veículos, para “esquentar” o dinheiro de facções criminosas e dificultar o controle das movimentações financeiras suspeitas. A polícia conseguiu identificar pelo menos R$ 127 milhões que teriam sido “lavados” dessa forma.
Já nesta quarta-feira (13), a Operação Intocáveis — Ultimato atingiu esquema de lavagem de capitais com base em investigação realizada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) sobre grupo que praticava assalto a bancos no Estado. A estimativa de patrimônio relacionado ao esquema supera a soma de R$ 123 milhões. Somente em uma das contas bancárias utilizadas para “limpar” o capital ilícito, foram bloqueados quase R$ 40 milhões.
Nesta ação, ocorreram buscas na Capital e outras 12 cidades gaúchas, além de endereços em Santa Catarina e no Paraná. Aconteceram duas prisões em flagrante, uma por posse de armamento e outra pelo plantio e cultivo de maconha em estufa. Foram executados 42 mandados de busca e apreensão domiciliar, 59 bloqueios de contas bancárias, 59 sequestros de criptoativos, apreensão de 12 automóveis, seis imóveis e embarcações.
A polícia tinha informações sobre a existência de aeronaves em propriedades investigadas, mas não obteve êxito no encontro destes aparelhos. O cumprimento das ordens judiciais teve o apoio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Marinha do Brasil. As investigações tiveram origem após prisão de assaltantes de banco, em crime ocorrido em março de 2022 (assista vídeo abaixo).
— A operação atingiu o patrimônio de membros de uma organização criminosa que mantém uma conduta extremamente violenta, que praticavam tráfico de drogas, roubos a banco, tráfico de armas e homicídios. Identificamos sete imóveis adquiridos com dinheiro de crimes, um deles na Serra, com valor estimado em R$ 3 milhões, além de 12 veículos e valores em contas de passagem. O entendimento da Polícia Civil é de que o enfrentamento ao crime organizado passa necessariamente pela investigação e desarticulação dos esquemas de lavagem de capitais — define o diretor de Investigações do Deic, delegado Eibert Moreira.