A mulher que jogou o filho-recém nascido no lixo, em Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, passará por avaliação psicológica de peritos para averiguar se estava em estado puerperal — e se o crime foi cometido por influência disso. Em caso positivo, ela pode ter o indiciamento por homicídio trocado por infanticídio.
— Infanticídio é matar o próprio filho enquanto a mulher está influenciada pelo estado puerperal. A pena é bem menor — explica delegado Robinson Palomino, responsável pelo caso.
Puerpério é o período de readaptação do organismo materno após o parto. Nesta fase, a mulher pode enfrentar fortes alterações emocionais.
O corpo do recém-nascido foi encontrado por coletores em uma sacola plástica, dentro de um caminhão de lixo, no dia 23 de outubro. A mãe, e 18 anos, foi presa preventivamente no dia 27 do mesmo mês. Em depoimento, a jovem afirmou ter dado à luz no banheiro de casa, sozinha.
— Ela disse que ele (o bebê) caiu na água do vaso e ela ficou olhando para ele por 10 minutos, para ver se a criança iria se mexer— conta o delegado.
No depoimento, ela afirmou, ainda segundo Palomino, que não sabia que estava grávida e que achou que o bebê teria nascido morto. A jovem admite que jogou o corpo do filho no lixo para a família não descobrir o fato.
Contradições
O delegado afirma, contudo, que foram identificadas diversas contradições na narrativa da suspeita. Em depoimento, familiares dela relataram que, ao desconfiar da gravidez, teriam questionado a jovem. Ela teria respondido que fez exame de gravidez em um laboratório e que o resultado teria dado negativo e, por isso, ela afirmaria não saber da gestação. A investigação descobriu que a jovem nunca fez o exame nem tinha ficha no laboratório indicado.
Além disso, constatou-se que o bebê nasceu com vida, e que a causa da morte foram perfurações que teriam sido causadas intencionalmente pela suspeita, no tórax do recém-nascido, indicando intenção de matar o filho.
— Não podemos afirmar com certeza, mas há fortes indícios de que estas lesões fatais foram causadas pelos polegares dela — relata o delegado.
O inquérito concluiu que a mulher teria rejeitado a gestação desde o início. Além disso, o delegado aponta frieza nas ações da suspeita, pois, após o crime, teria continuado sua rotina normalmente. O nome da mulher é mantido em sigilo.
Produção: Camila Mendes