A investigação policial aponta que Erickson David da Silva, 28 anos, suspeito de ter disparado contra o policial da Rota, seria uma das novas lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) que despontam na Baixada Santista, em São Paulo. O policial Patrick Bastos Reis, 30 anos, morreu após ser atingido pelo disparo à longa distância.
Erickson David da Silva teria conhecido a facção há sete anos e recebido lições de tiro em uma das células do grupo criminoso instaladas nos morros existentes na região
O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Silvio de Cillo Loubeh, que atuou na investigação e repressão aos saques de trens na Baixada Santista, acredita que os traficantes atiraram contra a polícia para proteger o ponto de tráfico.
— Infelizmente, essa é a realidade da Baixada Santista. Nesses lugares a polícia é sempre recebida a tiros — afirmou.
Segundo ele, o atirador fazia parte da chamada "contenção" — grupos de pessoas armadas que protegem o ponto de tráfico.
— Isso acontece em Santos, no Rádio Clube; em Cubatão, na Vila Esperança e na Vila dos Pescadores; em São Vicente, em Fazendinha, Dique do Piçarro, Dique da Caixeta e Sambaiatuba; e no Guarujá, na Vila Zilda. Se a polícia intensificar as operações, vamos ter mais confrontos — explicou Loubeh.
Investigações conduzidas em 2020 pelo Ministério Público de São Paulo mostraram a ação do PCC na Baixada. Na ocasião, foi identificado que o traficante Frank Cavalcante Nobre, além de exercer a função de "cadastro final" na região do litoral paulista, também coordenava o tráfico de rua do PCC no Amazonas. Frank foi preso em agosto daquele ano, em Cubatão, mas outras lideranças ocuparam seu posto rapidamente.
Alguns chefes do PCC até são originários da Baixada Santista, como é o caso de André Oliveira Macedo, o André do Rap, um dos criminosos mais procurados do Estado. Também está foragido, mas sem abandonar a região, o traficante André Luiz dos Santos, o Keko, uma das pontes do PCC com o tráfico internacional.
Dificuldades enfrentadas
Um policial militar lotado no Guarujá que preferiu não ser identificado, contou as dificuldades que os policiais de fora, enviados para reforçar o policiamento na região, estão enfrentando.
— O pessoal aqui é mais fechado, mais desconfiado e solidário entre eles. Tem morro, mangue, muita "quebrada". Quem não conhece fica exposto — ressaltou.
Segundo o agente, o PM da Rota morto não teve tempo de conhecer a região.
— Nesse aspecto, estava vulnerável — disse.