Nesta sexta-feira (18), a Polícia Civil realizou uma operação para prender nove suspeitos de dois homicídios ocorridos neste ano no Vale do Sinos: um motorista de aplicativo em São Leopoldo e um homem com vários antecedentes criminais encontrado queimado ao lado de carro incendiado em Novo Hamburgo. Os crimes teriam sido encomendados por facção da região.
O Departamento de Homicídios descobriu que os casos tinham ligação principalmente devido a dois investigados. O mandante, que é um apenado considerado um dos líderes da organização criminosa e que está em cadeia gaúcha após voltar de penitenciária federal, e um dos principais fornecedores de armas e drogas para o grupo. Parte do armamento teria sido usada nas execuções.
Após uma minuciosa investigação, uma equipe do Departamento de Homicídios descobriu o paradeiro do investigado, também foragido. O criminoso estava vivendo em um condomínio de casas de luxo, em Balneário Camboriú, no litoral catarinense. Segundo o diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, delegado Rafael Pereira, o criminoso vivia em uma mansão e transitava pela praia com uma BMW, comprada com dinheiro vivo. O veículo foi avaliado em R$ 300 mil. A casa seria alugada. A polícia não divulgou o nome, mas GZH apurou que foi preso Josemar dos Santos, 45 anos, conhecido como Gandula.
Ao entrarem na residência, os agentes deram voz de prisão para Gandula, que usava outro nome, conforme documentos falsificados. Os agentes encontraram, dentro da casa, duas pistolas calibre 9 milímetros, seis carregadores, 142 estojos, e três granadas de mão com alto poder de destruição. Rafael Pereira ressalta que foi preciso acionar uma equipe especial para desativar e transportar este tipo de equipamento.
Também foram apreendidos o automóvel, um seletor de rajadas para armas, quatro celulares e os documentos falsos. Um esquema de segurança foi montado e o foragido foi conduzido para o Rio Grande do Sul no início da noite de quinta. Ele foi encaminhado para o sistema prisional.
— Temos informações que ele vinha de 15 em 15 dias ao Estado, São Leopoldo e Canoas, para organizar os abastecimentos e voltava, sempre usando documentos falsos, por isso tudo, resolvemos prender ele antes da operação de hoje (sexta-feira) — ressalta Pereira.
O criminoso tem 40 anos de condenação e extensa ficha criminal: homicídio doloso (15 vezes), tráfico de entorpecentes (duas vezes), porte ilegal de arma de fogo (duas vezes), roubo a estabelecimento comercial (quatro vezes), roubo a residência (duas vezes), lesão corporal (cinco vezes), uso de documento falso, organização criminosa, entre outros, sendo, por isso, detentor de considerável número de indiciamentos (27, no total).
Prisão humanitária
No dia 5 de maio deste ano, Gandula teve concedida a prisão domiciliar humanitária, mediante monitoramento eletrônico pelo prazo de 90 dias. Entretanto, segundo a polícia, no dia 16 de maio, ele foi considerado foragido, em razão da falta de comunicação do dispositivo eletrônico. A informação era de que poderia estar no Estado vizinho e a fuga teria ocorrido ao saber de dois mandados de prisões preventivas contra ele.
Gandula, conforme consta no sistema de segurança, é considerado de alta periculosidade, com possibilidade de fuga e risco de resgate.
A advogada Bruna Castelo Branco Ritter, responsável pela defesa do suspeito, disse que irá se manifestar sobre o caso posteriormente.
Relação com facção
Após os dois homicídios ocorridos em abril e maio, ligados a desavenças do tráfico, os investigadores descobriram executores, incluindo um adolescente, mandante e provável fornecedor das armas. O diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, delegado Rafael Pereira, não divulgou nomes, mas GZH apurou que o mandante seria Márcio Fabiano de Carvalho, 44 anos, conhecido como Gordo Márcio.
Sem divulgar nome, Pereira apenas confirma que o mandante está atualmente cumprido pena no sistema prisional gaúcho, mas que já esteve em penitenciária fora do Estado. Ele destaca também que o apenado estaria dando ordens de dentro da cadeia, conforme inquérito que apura as duas mortes no Vale do Sinos.
GZH está em contato com a polícia em busca da defesa de Gordo Márcio para contraponto.