Investigações das polícias Federal e Civil apontam que a plataforma Discord — que permite conversas e transmissões de vídeos online, e que é popular para jogos e podcasts — está sendo utilizada cada vez mais para a prática de crimes contra adolescentes. Criminosos têm utilizado o aplicativo para chantagear garotas, cometer abusos sexuais, agressões e mutilações, como mostrou reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, no domingo (25).
Um dos suspeitos foi preso em abril pela Polícia Federal (PF). Há relatos de pelo menos 10 vítimas do agressor. Algumas delas tiveram o apelido do autor gravado no corpo com uma lâmina, segundo a reportagem.
Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo também descobriram em computadores de suspeitos diversas pastas com fotos e vídeos de garotas que teriam sido violadas e chantageadas.
Ainda conforme a reportagem, entre as vítimas está uma adolescente de 13 anos, que fugiu de casa em Joinville (SC) no ano passado para se encontrar com um homem que conheceu pelo Discord. Ela foi parar em uma casa em São Paulo com outros adolescentes. Lá, teria sido obrigada a se drogar e abusada por diferentes agressores durante duas semanas.
— No início só foram conversando, falando que eram amigos dela, que ela poderia ir para lá, que ia ser muito legal, que não teria nenhum adulto enchendo o saco. Ele mandou um aplicativo de carona daqui para ela ir para lá. E no primeiro dia já, ele forçou relações com ela. Depois disso, foram para outra casa. Chegando lá, doparam ela e a forçaram novamente a ter relações. Bateram nela, cortaram ela — contou uma irmã da vítima.
O que diz a plataforma
Em nota assinada pelo chefe de segurança do Discord, Clint Smith, a empresa declarou que, "no Brasil, 99,9% das comunidades do Discord nunca violaram nossas políticas" e que há "uma política de tolerância zero para atividades em nossa plataforma que sejam potencialmente prejudiciais à sociedade".
A plataforma alega que removeu "98% das comunidades que identificamos nos últimos seis meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil".
"Atualmente, mais de 15% de nossa equipe está focada no tema de segurança — isso significa que temos mais funcionários trabalhando em segurança do que em marketing", diz o texto.
Smith considerou ainda que a plataforma tem buscado parcerias com entidades ligadas à segurança infantil no país para coibir abusos.