A Polícia Civil e a Brigada Militar deflagram nesta quinta-feira (11) uma operação contra suspeitos de envolvimento em pelo menos 10 homicídios e uma tentativa de assassinato ocorridos desde janeiro deste ano em São Leopoldo, no Vale do Sinos. São mais de 200 agentes cumprindo 31 mandados de busca e 12 de prisão temporária contra a organização criminosa.
Até as 9h, 13 pessoas tinham sido presas — houve detenções em flagrante, além do cumprimento dos mandados. Em uma das casas onde foram feitas buscas, os policiais apreenderam R$ 300 mil em dinheiro. Ainda foram recolhidas quatro armas e quantias de munição e drogas.
O grupo atua diretamente no bairro Arroio da Manteiga. A maioria dos suspeitos — todos apontados como executores da facção — é desta região, entretanto ordens judiciais também foram cumpridas em Montenegro e na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. Um dos alvos é um detento que dá ordens de dentro da cadeia.
Os outros 11 são suspeitos de agir nas ruas com o objetivo de colocar em prática o que a polícia chama de "tribunal do tráfico". A delegada Mariana Studart, responsável pelas investigações e pela operação policial, diz que os criminosos executam o que os líderes julgam e condenam.
As vítimas são rivais, moradores contrários às ordens da facção, usuários que devem dinheiro para traficantes ou até mesmo suspeitos de cometerem delitos que prejudicam o grupo.
— Eles impõem o medo a moradores da região. Um dos casos é de uma jovem que foi atacada e baleada por cinco criminosos. Ela só sofreu uma tentativa de homicídio, foi em janeiro deste ano, porque se fingiu de morta — diz a delegada.
A vítima foi mantida em cárcere privado e torturada, sendo inclusive esfaqueada, além dos tiros. Conforme inquérito, os criminosos, pensando que ela estava morta, deixaram a vítima em um ponto de tráfico. O objetivo era que o corpo dela fosse visto por moradores — como ela teria dívidas com os traficantes, a ideia seria que a morte dela servisse como um "recado" a eventuais devedores.
A delegada Mariana diz que chamou a atenção dos investigadores o fato de que os executores tinham ordens para gravar os crimes ou transmiti-los por meio de chamadas de vídeo, para que os mandantes acompanhassem os homicídios.
Outras vítimas
O segundo crime que a polícia já confirmou ter sido cometido pelos alvos da operação desta quinta-feira também ocorreu em janeiro. A vítima levou mais de 20 tiros em frente à residência dela, em São Leopoldo. Após a investigação, a delegada apurou que, durante uma discussão em um bar, o alvo da execução atingiu, com um tiro de arma de pressão, um familiar de um integrante da facção.
Outro crime investigado ocorreu no fim de janeiro, quando executores da organização criminosa invadiram uma casa e mataram outra vítima a tiros. Segundo a polícia, o homem foi morto após ter sido condenado pelo chamado "tribunal do tráfico". Uma moradora de São Leopoldo procurou a facção e encomendou a execução dele, porque estaria abusando sexualmente da enteada.
Outros assassinatos ainda seguem sendo investigados para confirmar se os suspeitos são os mesmos que tiveram mandados judiciais cumpridos contra eles nesta quinta-feira. Denúncias podem ser feitas ao Departamento de Homicídios pelo telefone 0800 642 0121.