Mais de 70 policiais civis realizaram, na manhã desta terça-feira (6), uma operação em dois condomínios de São Leopoldo, no Vale do Sinos, e prenderam três suspeitos em flagrante. Segundo investigação, são traficantes que intimidavam moradores e invadiam apartamentos nestes locais para usar como depósitos de armas e drogas, além de pontos de venda de entorpecentes.
As ordens judiciais foram cumpridas no bairro São Miguel, onde ficam os conjuntos residenciais Creta e Malta, mas também no bairro Feitoria, e ainda em Novo Hamburgo e em São Leopoldo. Duas pistolas, munição, dinheiro, celulares, capa de colete balístico, drogas e um veículo Porsche — usado por um dos integrantes da facção que atua na região — foram apreendidos.
Durante a investigação realizada neste ano pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, outros 12 suspeitos foram detidos em ações da 2ª Delegacia da cidade e da Brigada Militar. O responsável pela apuração, delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, diz que o objetivo, além dos flagrantes e apreensões, é levar segurança e tranquilidade aos conjuntos habitacionais.
Os criminosos sempre usavam cinco apartamentos nestes locais para armazenar drogas e armas, bem como para vender entorpecentes. Martins Júnior destaca que estes imóveis eram trocados constantemente para despistar a polícia e, por isso, vários proprietários eram obrigados a repassar suas residências para os traficantes.
— Eles também forçavam os moradores, mediante ameaças, a um pacto de silêncio e ainda realizavam abordagens à noite para verificar e confirmar quem circulava pelos locais. Abordagens em pessoas a pé ou em veículos — explica Martins Júnior.
Segundo a polícia, com as barreiras, a facção pretendia verificar se havia algum agente infiltrado ou até algum rival no local, mas, principalmente, amedrontar os residentes dos conjuntos habitacionais. No dia 28 de agosto, por exemplo, um grupo armado deu tiros para o alto em meio a vários moradores e ainda espancou várias pessoas, todas proprietárias de imóveis nos dois condomínios do bairro São Miguel. Não houve mortes e a polícia ainda apura o caso, entretanto, já tem informações de que seria mais uma ação de demonstração de força da facção.
Estratégia de divulgação pela internet chama atenção
A investigação policial iniciou após denúncias feitas à Draco pelo WhatsApp — (051) 985856118. Uma das denúncias foi confirmada pela investigação. Os suspeitos ostentavam armas e veículos de luxo. Um deles foi apreendido na manhã desta terça-feira. Um Porsche Cayenne, que seria usado pela esposa do líder da facção, que está recolhido no sistema prisional e ela atuaria no tráfico a mando dele. Além das pistolas apreendidas, foram localizadas com os suspeitos uma réplica de um fuzil e uma arma de brinquedo.
A chamada "Operação Charrua" também confirmou que os integrantes da organização criminosa faziam questão de dar publicidade aos pontos de venda de drogas nos condomínios Malta e Creta, em São Leopoldo. Para isso, segundo o delegado Martins Júnior, integrantes da facção monitoravam a gravação de imagens das ruas por parte de funcionários do Google, para marcar nos condomínios o nome do grupo e a indicação de que se tratava de venda de drogas. Desta forma, bastaria circular pelas ruas dos condomínios pela ferramenta de geolocalização da gigante de tecnologia para identificar os endereços usados pela facção.