O Rio Grande do Sul teve queda nos registros de homicídios e latrocínios no mês de julho, na comparação com o mesmo período no ano passado. Já o índice de feminicídios aumentou no Estado. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta segunda-feira (15).
Em relação aos homicídios, a queda foi de 12,4%, com 120 vítimas em julho de 2022 contra 137 no mesmo mês do ano passado. Em Porto Alegre, no entanto, houve alta de 16,7%: os assassinatos subiram de 24 em julho do ano passado para 28 em julho neste ano.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, o aumento do número em Porto Alegre já é monitorado pelas equipes.
— A gente tem acompanhado o que parece ser uma nova onda, um recrudescimento de homicídios causado pela movimentação entre algumas facções, similar ao que vimos em março (quando um conflito entre grupos criminosos causou mortes na zona sul da cidade). Isso já é analisado e monitorado pelas equipes. Além disso, também tivemos algumas mortes em razão de ações da Brigada Militar, inclusive com um policial ferido em um dos episódios — avalia o diretor.
Ao observar o acumulado do ano, o Estado soma 934 vítimas entre janeiro e julho de 2022, o que representa queda de 2,8% frente ao somatório de 961 homicídios nos sete meses do ano passado. A maior redução foi verificada no município de Viamão, na Região Metropolitana, onde os assassinatos baixaram de 44 entre janeiro a julho de 2021 para 22 no mesmo período deste ano. A Capital também apresenta queda de assassinatos no acumulado, de 171 para 169, uma baixa de 1,2%.
— Tivemos alguns confrontos por disputa de espaços do tráfico de drogas na Capital, algo que já está mapeado. Esses aumentos pontuais são considerados normais, mas, no geral, os índices são bons, estão em queda no Estado, e a tendência é que sigam assim — afirma o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes.
O crime de latrocínio também teve queda de registros em julho no Rio Grande do Sul, conforme o governo. Foram 10 casos naquele mês em 2021 contra um neste ano — diminuição de 90% no roubo com morte. Na Capital, foi registrado um latrocínio em julho deste ano, contra os dois casos contabilizados no mesmo mês do ano passado.
No acumulado de sete meses, o RS teve, em 2022, nove casos a menos do que no ano anterior, passando de 39 para 30 ocorrências, uma redução de 23,1%. Ainda no acumulado, a Capital teve redução de 60%, passando de 10 casos em 2021 para quatro neste ano.
Essa queda se dá em razão do monitoramento constante dos indicadores, que resulta na alocação dos recursos humanos e materiais de forma cotidiana, para atender os locais com dificuldade.
CORONEL CLÁUDIO DOS SANTOS FEOLI
Comandante-geral da Brigada Militar
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, ressaltou o monitoramento dos crimes como fator que vem ajudando na redução dos registros. As forças de segurança também destacam o efeito do RS Seguro, programa do governo do Estado, colocado em prática em 2019, que intensifica o combate ao crime nos locais em que ele mais acontece.
— Essa queda se dá em razão do monitoramento constante dos indicadores, que resulta na alocação dos recursos humanos e materiais de forma cotidiana, para atender os locais com dificuldade. Essa gestão diária faz com que a gente movimente tropas especializadas no combate aos crimes.
Desafio para a segurança pública
Crime que segue um desafio para a área da segurança pública, o feminicídio teve aumento no Estado. Em julho, foram 10 vítimas, um aumento de 11,1% em relação ao mês do ano passado, quando foram nove mortes.
Das 10 mulheres assassinadas em razão do gênero no mês passado, três contavam com medida protetiva de urgência (MPU).
No cenário acumulado desde janeiro, o Estado contabiliza 68 feminicídios, 10 a mais do que no mesmo período de 2021, o que representa alta de 17,2%.
É um crime que acontece, muitas vezes, em razão da não aceitação do fim de um relacionamento, dentro de casa, sem que a população em geral compreenda o pedido de socorro da vítima. Talvez seja esse o grande desafio, não só das forças de segurança, mas também de toda a sociedade: é preciso compreender essa violência e romper esse ciclo antes que se chegue a esse extremo, que é a morte da vítima.
FÁBIO MOTTA LOPES
Cchefe da Polícia Civil
Conforme o chefe da Polícia Civil, o combate a esse crime se torna mais complexo em razão do fator cultural em torno da figura da mulher na sociedade.
— O feminicídio decorre de uma questão cultural, o machismo, algo histórico na sociedade brasileira. É um crime que acontece, muitas vezes, em razão da não aceitação do fim de um relacionamento, dentro de casa, sem que a população em geral compreenda o pedido de socorro da vítima que sofre essa violência. Talvez seja esse o grande desafio, não só das forças de segurança, mas também de toda a sociedade: é preciso compreender essa violência e romper esse ciclo antes que se chegue a esse extremo, que é a morte da vítima — avalia Fábio Motta Lopes.
Denúncias, mesmo que não confirmadas, sobre casos de violência contra a mulher podem ser feitas de forma anônima pelos seguintes canais:
- Telefone 190, para situações que demandem socorro imediato
- Pelo site www.ssp.rs.gov.br/denuncia-digital
- Telefone Disque Denúncia SSP, no número 181
- WhatsApp da Polícia Civil: (51) 98444-0606
Crime patrimoniais
Entre os crimes patrimoniais, que apresentam queda de forma geral nos resultados dos indicadores de julho, o roubo de veículos teve redução de 1,8%, passando de 326 ocorrências no sétimo mês de 2021 para 320 em julho deste ano. No acumulado, esse tipo de crime também teve menos casos, somando 2.615 registros, frente aos 3.032 do mesmo período no ano anterior, uma baixa de 13,8%.
Em Porto Alegre, o quadro foi de queda em julho, com 109 roubos de veículos, 10 a menos do que os 119 verificados no mês em 2021. No acumulado, houve redução na Capital, que soma 1.011 casos desde janeiro, 15,1% menos que os 1.191 de igual período no ano passado.
Outro crime relacionado à circulação nas cidades, o roubo a transporte coletivo, considerando os delitos contra passageiros e motoristas de ônibus e lotações, teve queda em julho no Estado. Foram 86 casos em 2021 e 35 neste ano, diminuição de 59,3%. No acumulado, os dados também apresentaram retração, de 673 ocorrências entre janeiro e julho do ano passado para 386 no mesmo período de 2022, uma diminuição de 42,6%.
No meio rural, os crimes de abigeato apresentam queda tanto no recorte de julho quanto no cenário acumulado, em relação a iguais períodos do ano passado. No mês, o número desse tipo de delito passou de 497 para 376, queda de 24,3%. A soma acumulada desde janeiro é de 2.657 ocorrências de abigeato, o que representa retração de 12,8% em relação às 3.048 registradas na primeira metade do ano passado.