A filha e o neto de Rubem Heger, companheiro de Marlene Heger Staff, casal desaparecido em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, foram indiciados pela Polícia Civil nesta sexta-feira (13) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e dupla ocultação de cadáver.
Cláudia de Almeida Heger, 51 anos, e o filho Andrew Ribas Heger, 28, foram as últimas pessoas a terem contato com o casal, segundo a investigação. Rubem, de 85 anos, e Marlene, 53, não são vistos desde 27 de fevereiro.
Rodrigo Schmitt, advogado de defesa dos dois suspeitos, afirma não acreditar que os elementos apresentados justifiquem o indiciamento.
— São meras suposições, desprovidas de provas. O que se tem de provas apresentadas é muito fraco — comenta Schmitt.
Laudo pericial emitido pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) afirma que foi encontrado sangue de Rubem nas paredes da cozinha da casa onde morava o casal. A análise foi feita pelo instituto após a coleta de 23 vestígios nas duas casas do terreno, além de sua área externa.
Agora, o inquérito será analisado pelo Ministério Público (MP), que tem cinco dias para oferecer denúncia, uma vez que os suspeitos estão presos.
A defesa alega que imagens apontariam Cláudia conversando com um vizinho ao menos três vezes no decorrer das horas de permanência na casa de Rubem e Marlene, que é sua madrasta. Além disso, segundo o próprio IGP, não teriam sido encontrados vestígios de sangue no veículo de Cláudia nem no pátio da residência.
Segundo o indiciamento, o crime teria a motivação torpe como elemento qualificador. Terem deixado os telefones celulares desligados no dia da ida à casa de Rubem e Marlene, além da colocação de película nos vidros do carro de Andrew são alguns elementos citados pela polícia que apontariam para a premeditação do crime. Os suspeitos estão presos preventivamente desde a última sexta-feira (6).
— São várias circunstâncias que, juntas, nos indicam para a premeditação e para a construção de um álibi. Nossa tese é de que o crime foi praticado por vingança — afirma o delegado Anderson Spier, que está liderando as investigações.
Conforme o delegado, também foram localizadas gravações de vídeos de matagais dentro dos celulares dos suspeitos. Após deixarem a casa de Marlene e Rubem, Cláudia e Andrew teriam partido para Canoas. Serão justamente áreas de mata de Canoas os locais em que as buscas pelos corpos do casal serão iniciadas, na próxima semana. Elas contarão com apoio do grupo de resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros.
A defesa afirma ter entrado com pedido de correição parcial junto à Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), alegando ilicitudes policiais no decorrer das investigações. O pedido não foi aceito. O próximo passo, segundo Rodrigo Schmitt, é aguardar a denúncia do MP para avaliar como reverter as prisões.