Pelo menos seis motoristas, e alguns passageiros, foram vítimas desde janeiro deste ano de uma quadrilha que, nesta terça-feira (5), é alvo de operação policial em Porto Alegre. As pessoas eram inicialmente abordadas em seus carros e ficavam cerca de duas horas sendo ameaçadas e extorquidas.
Os ladrões as forçavam a fazer transferências de valores por meio de Pix, a realizar saques bancários e compras por meio de cartão de crédito. Depois, os criminosos largavam as vítimas a pé, geralmente na região da Grande Cruzeiro, na Zona Sul, e ainda roubavam pertences e os veículos.
A Polícia Civil passou a investigar o grupo e confirmou a identidade de cinco suspeitos, todos com antecedentes criminais, sendo que dois também estão envolvidos em homicídios na Capital. Nesta manhã, cerca de 60 agentes cumprem cinco mandados de prisão temporária e um de busca — os alvos não tiveram os nomes divulgados. Até 6h50min, dois suspeitos haviam sido detidos, sendo um deles o líder do grupo.
Há ação de busca no bairro Higienópolis e outras para prender suspeitos nos bairros Jardim Botânico e Aparício Borges, bem como na Ilha das Flores e na Cruzeiro — esta última localidade era onde o grupo sempre se reunia para depois realizar ataques em toda a cidade.
A investigação é da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que conta com o apoio do Departamento de Homicídios e da Brigada Militar no cumprimento das ordens judiciais.
Modo de agir
A quadrilha sempre agia da mesma forma. Segundo o delegado Rafael Liedtke, responsável pela chamada "Operação Pix", os ladrões monitoravam veículos de alto valor para depois abordar motoristas que estacionavam os carros ou até mesmo quando paravam em semáforos.
— Eles procuravam carros de alto valor no mercado com o intuito de também extorquir as vítimas. Eles agiam de forma violenta, ameaçavam que iriam atirar ou dar coronhadas nas pessoas. Esses indivíduos são perigosos, tanto é que dois estão envolvidos em assassinatos — ressalta Liedtke.
Depois das abordagens, as vítimas eram obrigadas a rodar por cerca de duas horas com os assaltantes. Enquanto isso, com armas apontadas contra eles, motoristas e até passageiros eram obrigados a transferir valores via Pix, a descer dos carros e sacar dinheiro em caixas eletrônicos ou ainda a autorizar compras por meio de cartões de crédito. Em alguns casos, familiares eram envolvidos e forçados a repassar valores para que os parentes fossem liberados.
Nos seis casos apurados pela equipe de Liedtke, todas as vítimas foram deixadas a pé na Vila Cruzeiro em média duas horas depois de sofrerem o sequestro-relâmpago. Elas pediram ajuda para moradores porque não haviam sofrido apenas a extorsão, mas também tiveram celulares, bolsas, cartões e os próprios carros roubados. A maioria dos veículos foi clonada, mas também não se descarta que algum possa ter sido desmanchado para revenda ilegal de peças.
Reconhecimentos
Liedtke diz que o objetivo agora é que as seis vítimas façam reconhecimento pessoal dos presos, mas ele acredita que há mais pessoas lesadas e, por isso, pede para que procurem a polícia — a identidade será preservada, sem qualquer risco para a segurança delas. Quem foi atacado pela quadrilha, ou tenha sofrido roubo semelhante, pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo site ou pelos telefones: 0800-510-2828 e (51) 98418-7814 — este com WhatsApp.
Os crimes apurados são de roubo de veículo, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo e extorsão mediante sequestro. Se somadas, todas as penas são de mais de 25 anos de prisão.