Dois agentes da Delegacia de Polícia de Investigação de Pessoas Desaparecidas de Porto Alegre estão em Florianópolis nesta semana refazendo os últimos passos de Luciana Faleiro Heinze, 47 anos. A advogada está desaparecida há 35 dias. Foi vista pela última vez no final da manhã de 30 de setembro, quando saiu do prédio da mãe, na Cidade Baixa, na Capital.
Luciana morava na Praia da Solidão, no sul da ilha catarinense, e visitava a mãe quando sumiu. O objetivo dos agentes em Florianópolis é percorrer todo itinerário da advogada e ouvir pessoas do seu convívio. Enquanto morou na cidade, Luciana teve um relacionamento e após o término viveu na casa de amigos. Por último, estava com um casal que a acompanhou até a rodoviária, quando embarcou para Porto Alegre.
— Depois do relacionamento, ela estava pipocando de casa em casa. Ficou um período em determinada casa, chegou a morar com amiga, depois com um casal — afirma o delegado Rodrigo Pohlmann.
Até aqui, não há informação de agressões ou registro de violência doméstica por parte do ex-companheiro, que também já foi ouvido pelos policiais. De acordo com Pohlmann, o depoimento dele é convergente ao de outras pessoas próximas a Luciana.
— Já estivemos em diversos locais que ela frequentava e conseguimos montar vários detalhes do período em que viveu lá, estamos buscando refazer todos os passos possíveis. A dúvida que persiste é que recebemos a informação de uma parente que teria visto ela em Balneário Camboriú, foi feito contato com essa pessoa e ela desmentiu. Vamos intimá-la a depor — adianta o delegado.
![Roberta Lakus Heinze / Arquivo Pessoal Roberta Lakus Heinze / Arquivo Pessoal](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/6/4/2/7/7/3/1_a64344246914f07/1377246_e4c034c2d0914e1.jpg?w=300)
Natural de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, Luciana foi inspetora da Polícia Civil até se exonerar do cargo para viver na Europa. De volta ao Brasil, atua como advogada criminal.
Segundo a irmã, a professora Roberta Lakus Heinze, 40 anos, Luciana vivia em Florianópolis desde o começo do ano, mas tinha diversos processos tramitando no fórum de Porto Alegre. A última vez em que a advogada visualizou o aplicativo de mensagem WhatsApp foi às 12h27min de 30 de setembro.
A polícia também tem dúvidas se Luciana desapareceu em Porto Alegre — a investigação possui imagens da advogada saindo do prédio da mãe no final da manhã do dia 30 de setembro — ou em Florianópolis.
— Há possibilidade que, depois de ter sido vista pela última vez em Porto Alegre, ter voltado a Florianópolis. Há dúvidas se ela sumiu em Porto Alegre ou se retornou para lá. E se ela retornou, com certeza não foi para a Praia da Solidão, que é pequena e todo mundo se conhece. Ela usava aplicativos de caronas, que não temos como rastrear e se torna mais difícil de monitorar. Mas pelos depoimentos, formais e informais, os elos estão se fechando — afirma Pohlmann.
Os policiais também apuraram que Luciana fazia uso de cocaína e álcool, o que gerava problema de convivências. A polícia fez pedidos à Justiça para quebra de sigilo telefônico para identificar, caso o aparelho esteja desativado, o local onde foi utilizado pela última vez, o que pode sinalizar onde ela desapareceu.
— Não temos certeza do que aconteceu. Se ela acabou se aprofundando na drogadição e não achou retorno. Se ela desapareceu por motivação da atividade profissional ou se foi alguma coisa que ainda não apareceu na investigação — diz o policial.
Sobre a vida profissional de Luciana, a investigação identificou que ela perdeu prazos de um cliente que estava sendo atendido por um delito criminal. O episódio está em apuração, mas, no entendimento de Pohlmann, essa não parece ser motivação usual para homicídio:
— Neste momento, tudo está sendo investigado. Não conseguimos afastar nenhuma hipótese. Não sabemos se ela está com vida ou não.