O Rio Grande do Sul obteve o índice mais baixo de roubo de veículos nos últimos 20 anos, de acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). Na comparação entre janeiro e junho deste ano com o mesmo período de 2020, a redução foi de 44,5% no número de ocorrências — de4.865 para 2.700.
A receita do enfrentamento ao roubo de veículos vai além do emprego de tecnologias como o cercamento eletrônico e da maior integração entre as polícias. Os órgãos de segurança listam também a valorização das equipes com fatores que contribuíram para a queda. Entenda a seguir as quatro ações que ajudaram no combate a este crime.
Cercamento eletrônico
Uma das ferramentas aliadas das polícias no combate a crimes como roubo de veículos, segundo a SSP, o cercamento eletrônico é realizado por meio de câmeras instaladas nas principais vias e acessos dos municípios. O sistema faz a leitura e a identificação das placas de veículo que passam por estes pontos e, em caso de irregularidades, como registro de roubo ou furto, um alerta é emitido às equipes de segurança, como Brigada Militar e Guarda Municipal, que se deslocam para os locais.
Investigação e trabalho para manutenção das condenações
De acordo com a chefe da Polícia Civil gaúcha, delegada Nadine Anflor, a intensificação das investigações feitas por seus agentes é outro fator que contribuiu para a melhora no índice.
Conforme Nadine, as investigações foram centralizadas na delegacia de Roubo de Veículos (DRV), junto ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), e não mais em delegacias distritais.
— Isso nos ajuda a reunir informações, cruzar elas. Nosso objetivo é identificar os autores e fazer o "link" entre eles, mapeando toda a organização criminosa, buscando mais evidências. Nós sabemos que muitas prisões por esse tipo de crime não são mantidas, mas quando temos um inquérito mais robusto, fica mais difícil que as prisões sejam desfeitas, o que contribui para a queda nos números — explica Nadine.
Programa RS Seguro
O programa, que é a principal aposta do governo gaúcho para a área da segurança pública, consiste em levantar informações sobre os crimes que ocorrem nos municípios e planejar estratégias de forma conjunta, envolvendo equipes da segurança de cada localidade e culminando com a execução de ações integradas.
— Nós realizamos reuniões e fazemos uma análise conjunta e sistemática dos indicadores, dos problemas que precisam ser enfrentados. Em relação ao roubo de veículos, nós percebemos que 23 municípios do Estado concentram 91% desses crimes. Atuamos em cima disso. Fazemos reuniões que envolvem diversas forças, como equipes locais da Brigada Militar e da Polícia Civil, o Instituto-Geral de Perícias (IGP), Corpo de Bombeiros, Susepe, além do Ministério Público e o Poder Judicário — detalha o secretário-executivo do RS Seguro, delegado Antônio Padilha.
A chefe da Polícia Civil ainda destaca que a comunicação entre as polícias vem se aprimorando e é feita de forma cada vez mais rápida.
— É a Brigada Militar que está na rua, que pode trazer detalhes, que faz um trabalho preventivo. E todas essas informações são muito importantes para iniciar uma investigação. Esse diálogo entre a BM e a Polícia Civil vem sendo aprimorado e é muito importante.
Valorização das equipes
Conforme o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Vanius Cesar Santarosa, todos esses fatores, em especial a integração entre as polícias, impacta na motivação dos agentes e faz com que entendam que são peça importante no combate ao crime:
— Quando você tem um trabalho mais focado, planejado, todos os envolvidos, desde o soldado que está na rua, entendem qual é sua missão ali. Sabem que têm papel importante no todo, estão munidos de informação. Depois, há a troca dessas informações com o setor de inteligência, com a Polícia Civil. É uma via de mão dupla, que reflete no trabalho final.