Moradores da área central de Criciúma, em Santa Catarina, viveram horas de pânico durante a madrugada desta terça-feira (1º). Homens fortemente armados tomaram conta das ruas da região, e tiros foram ouvidos por mais de uma hora. Valdomiro Vaz Franco, ex-jogador do Inter e morador da cidade, falou com a Rádio Gaúcha no momento do crime, que envolveu assaltos a bancos na área central e reféns.
— Estamos deitados aqui no chão, está sendo difícil. Bem na esquina onde moro dá para ver os caras. Estou deitado no chão aqui, a coisa não tá boa não, tá feia mesmo. (...) Acho que explodiram o cofre agora, com dinamite. Tem uns caras de fuzil aqui e armas pesadas — disse o ex-atacante colorado.
De acordo com o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, do 9° Batalhão da Polícia Militar, bancos do centro da cidade foram invadidos. O ataque teve fim por volta das 2h. A Polícia Militar de Criciúma informou que duas pessoas ficaram feridas no ataque, sendo uma delas um soldado da corporação. Ele passou por cirurgia e o estado de saúde ainda inspira cuidados.
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Segundo Valdomiro, que já estava dormindo com a esposa no momento em que começaram os tiros, os criminosos chegaram a fechar as esquinas da área central da cidade. Ele conta que conseguiu observá-los do apartamento no quarto andar, próximo ao local de ataque, e que os viu passando encapuzados e portando armas, como fuzis e metralhadoras.
— Chegou a tremer o edifício. Vim na janela do meu apartamento e começaram os tiros, vi os caras atirando. Cercaram o Colégio São Bento, na minha esquina, e vimos os caras passando, encapuzados e com fuzil.
Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Batalhão de Operações Policiais Especiais de Santa Catarina estão envolvidos na operação para capturar os bandidos. Também foi solicitado o apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio Grande do Sul e do Batalhão de Choque da Brigada Militar.
Segundo o prefeito Clésio Salvaro, os bandidos estavam posicionados em diversos pontos da cidade. Seriam cerca de 30 homens, divididos em 10 carros.
Para Valdomiro, o fato foi ainda mais assustador em razão de crimes como este não serem comuns na cidade.
— A gente nunca pensa que vai acontecer alguma coisa na nossa cidade, porque é uma cidade calma e tranquila. Mas a coisa está crescendo, não temos mais segurança em lugar nenhum. A gente já viu isso em Porto Alegre, mas no meu edifício (quem mora) é um pessoal de idade avançada, nunca viram uma coisa dessas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram criminosos armados, pessoas sem camisetas sentadas na faixa de pedestre, como se fossem reféns, carros escuros saindo da cidade e, depois, diversas notas de dinheiro espalhadas pelas ruas de Criciúma — e pessoas recolhendo as cédulas.
Quatro pessoas foram detidas por suspeita de recolherem o dinheiro na rua. Com elas, foram encontrados R$ 810 mil.