A unidade do Carrefour no bairro Passo D'Areia, zona norte de Porto Alegre, reabriu pela primeira vez, na manhã desta segunda-feira (23), após a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, na noite da última quinta (19). Os funcionários começaram a chegar pouco antes das 8h, e o movimento de clientes ainda era baixo no começo da manhã.
Um funcionário, que preferiu não se identificar, relatou que todos os trabalhadores do hipermercado passaram por um treinamento de atendimento ao cliente, no último sábado (21), em outra unidade da rede na Capital.
Nos corredores, seguranças trocavam informações por rádio-comunicador. Na peixaria, os pescados estavam sendo recolocados nos expositores. Promotores também organizavam as gôndolas, à espera dos fregueses.
O entregador Carlos Moscarelli, 40 anos, foi fazer rancho para um cliente, às 9h30min.
— Nada justifica o que aconteceu. Só que a empresa é terceirizada, e quem levou a culpa foi o Carrefour — ponderou.
João Alberto morreu em frente a uma das portas do estabelecimento, na noite da véspera do Dia da Consciência Negra, após ter sido espancado. Duas pessoas foram presas pelo crime: o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, 24 anos, e o segurança Magno Braz Borges, 30 anos.
Após manifestantes ingressarem no local durante um protesto ocorrido na última sexta-feira (20), placas e vidraças foram quebradas, e a fachada da unidade acabou sendo pichada. Esses pontos já foram limpos.
No saguão, área invadida por alguns dos manifestantes na sexta-feira (20), trabalhadores estavam realizando medições para reparo dos comércios depredados. Uma loja seguia com parte da fachada coberta por uma lona preta.
A porta de vidro de uma revenda de acessórios e manutenção de telefones celulares foi destruída, e o restaurador foi chamado. Segundo o proprietário, Jonathas Canabarro, 33 anos, um aparelho foi furtado na invasão — o Carrefour se prontificou a pagar o conserto no estabelecimento.
— A gente não tem culpa de nada. Nos mostramos favoráveis à manifestação, mas não ao que aconteceu na loja. Já tem a pandemia, contamos com o faturamento para nos manter — afirmou.
Em frente à porta onde João Alberto foi morto havia sido pichada a frase "Justiça, Beto". No sábado pela manhã (22), a reportagem de GZH esteve no local e encontrou resquícios de sangue no local. Nesta manhã, a frase e o chão também haviam sido limpos (veja abaixo).
A Brigada Militar estava com duas viaturas estacionadas embaixo do Viaduto Obirici, próximo ao Carrefour. Não foram registrados protestos nesta manhã.