Vinte e seis presos fugiram do maior presídio do Acre na madrugada de segunda-feira (20). Eles quebraram a parede da cela e usaram lençóis amarrados para escalar o muro na penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco. Um preso foi recapturado na tarde de segunda.
Um dia antes, em outra região de fronteira no país, 75 presos — a maioria membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) — fugiram de presídio em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na divisa com Mato Grosso do Sul. O secretário-adjunto de segurança pública do Acre, coronel da Polícia Militar (PM) Ricardo Brandão, disse que a cúpula da segurança do estado não descarta ligação entre a fuga local e a ocorrida no país vizinho.
— Neste momento não descartamos nada — disse o coronel.
O Estado pediu apoio à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Centro Integrado de Inteligência Regional, da Polícia Federal.
Trinta homicídios em 20 dias
O caso na penitenciária Francisco de Oliveira Conde aconteceu menos de 48 horas depois de uma chacina onde sete pessoas foram assassinadas na zona rural de Rio Branco. Na noite de sábado (18), homens armados invadiram um bar no km 100 da rodovia estadual transacreana e atiraram contra todos que estavam no local. Seis pessoas morreram na hora. Duas ficaram feridas e foram levadas para o hospital. Na manhã de domingo, um dos feridos morreu.
A chacina fez subir para 30 o número de assassinatos no Acre nos primeiros 20 dias de janeiro. Ainda no sábado a noite, outras duas pessoas foram assassinadas na cidade. O jovem Mateus Vieira Cardoso foi morto a tiros no ramal Bom Jesus, e Railson Silva morreu da mesma forma em uma propriedade rural. Em 2018, 413 homicídios foram registrados no Estado. No ano passado foram 126.
Os presos que fugiram em Rio Branco integram a facção conhecida como Bonde dos 13, criada no Estado e aliada ao PCC. Essa facção assumiu a autoria da chacina, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O governador Gladson Cameli está em licença médica e não havia ainda se pronunciado sobre o caso. O vice, Major Rocha, está em viagem nos Estados Unidos (EUA) com o comandante da PM, coronel Ulisses Araújo, participando de um curso e o secretário de segurança, coronel Paulo César, acompanha o filho em um tratamento de saúde.
Em fevereiro de 2018, quando era deputado federal, major Rocha pediu intervenção federal no Estado alegando que o governo, comandado pelo petista Tião Viana, havia perdido o controle da situação.