O proprietário de um canil em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, perdeu cerca de R$ 1 milhão em um roubo, em novembro do ano passado. Chama a atenção o alvo dos criminosos: cães da raça Spitz Alemão, também conhecida como lulu-da-pomerânia. Foram levados 60 animais, entre fêmeas, machos e filhotes que estavam à venda. Dos pets roubados, 13 foram recuperados — 10 adultos e três filhotes. A Polícia Civil segue procurando pelos outros 47 animais. Além disso, cinco suspeitos foram presos.
Conforme a Polícia Civil, três ladrões fortemente armados chegaram ao canil em um veículo durante a madrugada de 5 de novembro. Teriam batido na porta da casa, dizendo ser policiais. Quando dois funcionários do canil atenderam, foram rendidos e amarrados. Os assaltantes pegaram os animais e fugiram. Entre os cães roubados, estão alguns premiados e as matrizes — usadas pelos criadores para procriação.
— É uma raça cara, que pode ser facilmente colocada no mercado. Tem todo o prejuízo do criador, que havia investido no cuidados destes animais. Negócios estavam sendo feitos. Este crime provavelmente foi planejado — explica o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana.
Após o roubo, o criador dos cães chegou a ser extorquido pelos criminosos, que exigiam dinheiro para devolver os animais. No entanto, ele não pagou o "resgate" pedido pelos ladrões.
Roubo planejado de dentro do Central
A investigação da Polícia Civil descobriu que o roubo foi planejado de dentro do Presídio Central. Segundo apuração, o mandante seria ligado a uma facção criminosa, com base na zona leste da Capital. Em operação, que os policiais chamaram de Resgate, foram presos em flagrante cinco suspeitos, dois em Porto Alegre e três em Alvorada. Entre os detidos, está um funcionário do canil, que teria repassado informações privilegiadas que ajudaram no planejamento do crime. Conforme o delegado, há suspeita que três dos presos participaram do roubo.
Durante os meses de novembro e dezembro, a polícia passou a procurar pelos animais. Treze foram encontrados e alguns, de acordo com Souza, tinham marcas de agressões. Os outros 47 lulus-da-pomerânia seguem sendo procurados pelos agentes.
— Os cachorros estavam sendo negociados, tanto pela internet quanto para criadores clandestinos. Chegamos a ir à Santa Catarina, mas não encontramos nenhum lá — conta o delegado de Eldorado do Sul, Rodrigo Caldas.
Dos cinco presos em novembro, dois ainda estão detidos. Os outros três aguardam em liberdade o andamento do processo. Eles respondem por receptação qualificada.
Segundo o delegado regional, foi o maior caso de roubo de animais visto nos últimos meses na Região Metropolitana. De acordo com ele, a Operação Resgate, focada na busca pelos animais levados do canil e na identificação de autores, faz parte de uma ação maior, chamada Arca, cujo foco são os crimes envolvendo animais.
— Não dá para dizer que seja uma tendência, mas eventualmente acontece. Com este montante, foi o único e maior caso recente — disse.