Outubro terminou com o menor número de latrocínios se comparado com o mesmo mês dos últimos 17 anos, quando os dados passaram a ser contabilizados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Foram dois casos em todo o Estado, um na Capital e o outro no município de Estação. No mesmo mês do ano passado, foram registrados cinco casos, o que representa queda de 60%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (12).
Em um dos delitos, no município com cerca de 6 mil habitantes da Região Norte, um idoso foi morto a facadas. O crime aconteceu em 26 de outubro. Adão de Souza, 60 anos, foi assassinado dentro de casa. Segundo o delegado Jorge Pierezan, inicialmente o caso foi registrado como latrocínio, já que pertences da vítima foram levados. Mas a investigação apontou que se trata de homicídio.
— O autor já era suspeito de furto na casa da vítima, mas quando o matou não foi para roubar — explicou o delegado, que disse que o homem teve prisão preventiva decretada e está foragido.
Se levada em conta esta conclusão da polícia, o número de roubos com morte é menor do que o divulgado pela SSP. A secretaria considera a forma como o crime é registrado, mas pode haver mudança na tipificação ao longo da investigação.
Além dos roubos com morte, os homicídios também tiveram diminuição, tendência que já vinha sendo verificada nos meses anteriores. Foram 122 pessoas assassinadas no RS em outubro de 2019 e 171 no mesmo mês de 2018 — queda de 28,7%. Na Capital, o número de vítimas caiu de 27 para 22.
Outros indicadores que apresentaram redução foram de crimes envolvendo veículos. Houve 797 roubos — média de 25,7 casos por dia. Em 2018, havia sido 1.369, média diária de 44. Na Capital, também houve queda expressiva: de 56%. Em outubro de 2018, 687 veículos foram levados por ladrões, enquanto o mês terminou com 302 registros em 2019.
— Parte dos latrocínios ocorre em roubos de carros. Às vezes, o motorista tenta fugir e acaba morto ou o criminoso pode interpretar alguma atitude da vítima de forma errada. Ao reduzir o roubo, a tendência é de queda nas mortes — explicou o subchefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, salientando que os crimes estão relacionados.
Além disso, o delegado aponta a Operação Desmanche como um dos motivos que levam à redução nos roubos de veículos. A força-tarefa apreende, em desmanches ilegais, sucatas automotivas sem procedência conhecida que, muitas vezes, são fruto de crimes. Sem receptadores, conforme o delegado, os ladrões não têm para quem repassar os objetos.
O vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Junior, citou a priorização de ações nos 18 municípios gaúchos que fazem parte do programa RS Seguro. Conforme a SSP, 71% das mortes violentas nos últimos 10 anos foram registradas nestas cidades.
— Essa redução mostra que nossa estratégia está dando certo. Não existe comemoração porque o ideal era de que não houvesse nenhuma morte, mas a redução nos deixa com a certeza de que estamos no caminho certo — disse Ranolfo.
Na visão do futuro comandante-geral da BM, coronel Rodrigo Mohr Picon, o aporte de efetivo que a corporação teve recentemente e o aumento de ações com uso da inteligência policial têm contribuído para queda:
— A gente tem conhecimento do está acontecendo: quem está cometendo o crime e como essa pessoa atua. Em Porto Alegre, há trabalho forte na prevenção de furto e roubo de veículos.
O indicador que foge à tendência de diminuição e apresentou aumento foi o de feminicídios. Em outubro de 2019, o RS registrou nove mortes de mulheres por questões de gênero, um caso a mais se comparado com 2018. Também houve alta relevante nas tentativas de feminicídio, passando de 26 para 41. Na Capital, por outro lado, não houve feminicídios no período.
Colaboraram: Jeniffer Gularte e Leticia Mendes