Uma das pessoas atacadas com ácido na zona sul de Porto Alegre, Bruna Machado Maia, 27 anos, disse estar aliviada com a prisão do suspeito, efetivada pela polícia na sexta-feira (4). A dona de casa é apontada como o primeiro alvo do criminoso que feriu outras quatro vítimas em uma série de atentados que assustou moradores dos bairros Hípica e Nonoai, em junho. Bruna, que teve partes do rosto e do braço queimados pela substância, aguarda os desdobramentos do caso, torcendo para a manutenção da prisão do suspeito.
— Estou me sentindo feliz. Espero que ele fique preso e que a Justiça não seja falha. Não adianta todo esse aparato, todo esse desempenho da polícia para depois ele sair.
Atacada em 19 de junho enquanto retornava para a residência onde vive com o marido, no bairro Nonoai, Bruna evitou andar em vias públicas nos meses seguintes. A dona de casa só criou coragem para sair de casa há cerca de três semanas, quando começou a retomar a rotina. Atualmente, ela está trabalhando temporariamente na limpeza de uma empresa.
Bruna afirma que ainda sofre com os ferimentos causados pelo ácido. Ela diz que enfrenta dificuldades para seguir o tratamento em razão da fila de espera e dos horários do SUS e da falta de dinheiro para conseguir bancar atendimento na rede particular.
— Ainda dói. Nesses dias de calor, me dói o rosto, fica vermelho, arde. O braço, quando dói, dá umas fincadas.
A dona de casa estuda entrar com algum tipo de ação contra o suspeito na Justiça. Bruna disse que vai conversar com advogados para ver qual a melhor maneira de tentar ao menos reparar parte dos danos causados pelo agressor na vida dela.
— Isso não se faz e não fica por isso mesmo — pontuou.
Suspeito preso no Paraná
O suspeito de promover os ataques, identificado como Wanderlei da Silva Camargo Júnior, de 48 anos, foi detido na sexta-feira (4), no Paraná, no âmbito da Operação Arrhenius. A investigação partiu da identificação dos veículos usados pelo criminoso nas ações. Ainda não está clara a motivação dos crimes, mas o preso teria relatado informalmente aos policiais que queria demonstrar à ex-mulher que Porto Alegre não era um local seguro, com o objetivo de convencê-la a se mudar para Curitiba.