Um suspeito de ter lesado pelo menos 50 vítimas no Rio Grande do Sul que pretendiam obter a cidadania italiana foi preso preventivamente na noite desta terça-feira (17), em Piracicaba (SP). O gaúcho Robert Martini Delazeri, 39 anos, teria causado prejuízo estimado em aproximadamente R$ 1,5 milhão, em um período de três anos.
Segundo a investigação, algumas das vítimas foram para a Itália, com a promessa de assessoria especializada, conforme constava em contrato assinado com a empresa do investigado, a DHG. Ao chegarem lá, no entanto, as pessoas não encontravam o que havia sido firmado no documento. Delazeri mantém a empresa desde 2012, conforme inquérito da Delegacia do Consumidor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Os problemas, no entanto, teriam começado há cerca de três anos.
O delegado Joel Wagner investiga o caso há oito meses. Segundo ele, os problemas teriam começado quando Delazeri contraiu dívidas até perder o crédito com contatos que obtinha na Europa para assessorar clientes em hospedagem, transporte, encaminhamento de documentos e até com a própria língua estrangeira. Apesar disso, o delegado explica que o suspeito continuou prestando os serviços, mas sem cumprir com os acordos.
— O que era dívida envolvendo um processo legal, passou para vantagem ilícita e agora, no nosso entendimento, configura um golpe nestas pessoas porque o serviço não foi completo, concretizado. E é sempre a mesma desculpa, alegando problema com terceiros, aumentando prazos, mas sempre fechando novos contratos. Acredito que o número de vítimas seja muito maior do que 50 pessoas — explica Wagner.
Delazeri tinha dois imóveis na Itália, conforme apurou a investigação. A Polícia Civil descobriu que ele pretendia viajar para a Europa e que tinha uma passagem aérea comprada para o próximo dia 19, com destino a Milão. O carro dele — um Edge — foi apreendido nesta terça-feira e poderá ser usado para restituir valores às vítimas. Os crimes configurados são contra as relações de consumo e de estelionato — ele já tem antecedente criminal por este crime.
Em Caxias do Sul, onde o homem tinha base antes de sair do Estado, 15 vítimas se uniram e ingressaram com um processo judicial contra o investigado. Wagner diz que cada uma das pessoas lesadas, em média, entregou R$ 30 mil para o suspeito fazer assessoria especializada. Uma das vítimas, conforme a polícia, chegou a repassar cerca de R$ 100 mil para a empresa após se desfazer de emprego e bens.
Outra vítima, que foi para a Europa no ano passado, teve prejuízo de R$ 45 mil — entregou R$ 20 mil a Delazeri e R$ 25 mil foram gastos com serviços que a empresa do suspeito deveria ter prestado, conforme constava no contrato, mas não o fez. Algumas pessoas teriam perdido os documentos que haviam reunido com o objetivo de ter a cidadania.
O alerta da polícia é para que as pessoas busquem a cidadania por meio do consulado italiano, ainda que seja mais burocrático e demorado. Em caso de já ter sido lesado por este ou por esquema semelhante, o Deic disponibiliza o telefone para contato: 0800 510 2828.
GaúchaZH tenta contato com a defesa do suspeito para contraponto.