Correção: a mulher é enfermeira, e não técnica de enfermagem como informado entre 6/9/2019 e às 16h21min de 10/10/2019. O texto foi corrigido.
Um casal de enfermeiros é investigado pela Polícia Civil por desvio de medicamentos e equipamentos cirúrgicos dos hospitais em que trabalha — dois em Porto Alegre e um em Canoas. Em duas ações recentes, a polícia encontrou em poder dos dois dezenas de ampolas de substâncias de uso restrito e alto poder analgésico, como morfina.
A investigação começou em 28 de julho. Naquele dia, em uma ação de rotina, a Brigada Militar (BM) fiscalizou o carro do enfermeiro em uma rua de Cachoeirinha, na Região Metropolitana. Localizou alguns medicamentos de uso controlado e marca-passos com nomes de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O homem negou que havia furtado o material e declarou que eram sobras dos hospitais em que atua. A situação causou estranheza aos policiais militares, que registraram o ocorrido na 1ª Delegacia de Polícia.
Um inquérito foi instaurado para apurar a situação. O delegado Leonel Baldasso chamou representantes de hospitais para prestar depoimento e entender se era possível um funcionário ficar com sobras de medicamentos controlados. Um dos diretores declarou que era impossível, e que, na verdade, um crime estaria ocorrendo. O outro hospital ainda não respondeu os ofícios encaminhados pela polícia.
Os agentes prosseguiram a investigação e obtiveram a autorização da Justiça para revistar a casa dos investigados, no bairro Cohab, também em Cachoeirinha. Novamente, mais morfina e outras substâncias foram localizadas.
— Nos causou estranheza de novo. Havia medicamentos na casa, em armários, e também na bolsa da mulher — afirmou Baldasso.
Com as novas apreensões, a polícia decidiu aprofundar a apuração. O delegado quer entender o que os investigados faziam com os medicamentos. Há três hipóteses apuradas: a venda os remédios, o uso para confeccionar drogas sintéticas ou a utilização em cirurgias clandestinas.
Além disso, a polícia vai fazer um pente-fino no prontuário de todos os pacientes que o enfermeiro atendeu na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em que trabalha. O objetivo é descobrir se não houve fraude contra pessoas internadas.
— Ele pode ter declarado no documento que administrou o remédio no paciente e, na verdade, ter desviado para o próprio bolso. Vamos olhar no período de um ano todos os pacientes, especialmente os que vieram a falecer, para confirmar ou não essa hipótese. É uma possibilidade gravíssima — comentou o delegado.
O enfermeiro, de 26 anos, e a esposa, de 27, não tiveram os nomes revelados pela polícia para não atrapalhar a investigação, que corre em sigilo por furto qualificado. Caso confirmado que eles vendiam, podem ser indiciados por tráfico de drogas. Os nomes dos hospitais também são mantidos reservados porque o delegado entende que são vítimas e estão auxiliando na apuração.
Os medicamentos localizados foram encaminhados à perícia para confirmar se a substância descrita na ampola é a que está dentro do recipiente.