A juíza Rosália Huyer, da 2ª Vara criminal de Porto Alegre, autorizou a Polícia Civil a vasculhar o conteúdo dos telefones encontrados no depósito onde seis homens foram presos com 4,6 toneladas de maconha no dia 10 de julho, no bairro Navegantes, na zona norte de Porto Alegre. A operação, desencadeada após denúncia pelo telefone 190 ao 11º Batalhão de Polícia Militar, resultou na maior apreensão de drogas das forças de seguranças gaúchas em 2019.
Com a autorização, os agentes poderão aprofundar a investigação e tentar descobrir quem são os compradores da droga e para onde seria distribuída. O caso é investigado pela 2ª delegacia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). O delegado Vladmir Urach informa que a liberação da quebra de sigilo será fundamental para resolução do caso.
No dia da operação, foram apreendidos dois iPhones, um celular da marca Samsung e outro da Motorola. Os aparelhos devem agora ser encaminhados para extração de dados do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Na mesma decisão, proferida na terça-feira (30), a juíza autorizou ao batalhão responsável pela ação a usar uma caminhonete Toyota Hilux que foi apreendida. A magistrada condicionou o uso, no entanto, apenas para ocorrências que sejam em combate ao tráfico de drogas. Ela também permitiu que a Polícia Civil fique com uma balança que era da quadrilha e determinou que a droga seja incinerada.
"Conforme se vislumbra das provas até então trazidas ao processo, é possível concluir que o veículo acima mencionado, bem como a balança, eram utilizados para o transporte e pesagem de drogas. Inclusive, era a caminhonete que estava transportando as drogas apreendidas e que deram ensejo à lavratura do presente auto de prisão em flagrante", afirmou Rosália em sua decisão.
Os seis suspeitos presos na ação estão foragidos. São eles Nycollas Carvalho de Souza, Fabrício Santos Raulino, Jeferson Chiabotto Moreira, Emerson Daniel Bento da Silva, Marcio Paulo Trindade e Luciano Carvalho Junior.
O grupo foi solto no dia 12 de julho pela juíza Lourdes Helena Pacheco, em uma audiência de custódia, após alegar que sofreu violência por parte da Brigada Militar. Um dos presos declarou que "levou um tijolaço nas costas, nos braços e no pescoço, ficando com marcas visíveis corpo". Outro homem disse ter sido agredido por 30 agentes e coagido a não alegar agressões. Para a magistrada, a prisão foi ilegal.
Os seis detidos deixaram o Presídio Central por volta das 16h de 12 de julho. Menos de duas horas depois, outra juíza decidiu mandar prendê-los. Policiais chegaram a procurá-los, mas nenhum foi encontrado ou compareceu voltou para se apresentar à Justiça.
A corregedoria da Brigada Militar acompanha o caso e diz que só avaliará a possibilidade de abrir uma investigação contra seus policiais após receber um ofício da Justiça, o que ainda não ocorreu.