Duas das 14 pessoas feridas no incêndio criminoso ao ônibus no bairro Mathias Velho, em Canoas, ainda estão internadas mais de 40 horas depois do ataque. O quadro mais grave é de Osmar da Rosa, de 59 anos. O homem — que trabalhava como cobrador, mas não estava em serviço —, está internado por ter inalado fumaça.
Uma mulher grávida de aproximadamente três meses também está na Unidade de Tratamento Intensivo, sedada e entubada. O seu quadro de saúde inspira cuidados. Os demais pacientes receberam alta ao longo da terça-feira (27) e na madrugada desta quarta-feira (28).
A Polícia Civil prefere não divulgar as informações sobre a investigação, sob justificativa de não alertar os possíveis envolvidos. Segundo o delegado regional Mario Souza, a corporação trabalha com a hipótese de que de dois a cinco homens participaram do ataque.
— É um ponto fora da curva na segurança do Estado e no contexto da criminalidade. Tornou-se muito fraca uma possibilidade inicial, de que seriam facções brigando. Vamos divulgar todas as informações assim que lograrmos êxito nas prisões. O objetivo é, no mais breve possível, prender os suspeitos — declarou Souza.
O delegado garante que há equipes nas ruas ouvindo moradores e testemunhas que possam ajudar a identificar os autores do ataque e a motivação. A última noite foi de abordagens em vários bairros de Canoas em operação conjunta da Brigada Militar e Polícia Civil para identificar potenciais suspeitos.
Na terça-feira (27), em entrevista à Rádio Gaúcha, o delegado Thiago Carrijo, informou que suspeitos foram presos logo após o crime em um carro. Eles teriam as mesmas características dos integrantes da quadrilha, conforme descrições de testemunhas.
De acordo com Souza, ainda não está provada a participação dessas pessoas no incidente.
O ataque
Conforme a Brigada Militar, os criminosos, que usavam toucas, chegaram em um Palio, por volta das 23h50min de segunda-feira (26). Um deles entrou no coletivo e jogou combustível no veículo. Os homens teriam mandado os cerca de 15 passageiros — além do motorista, do operador e de um fiscal — saírem do ônibus, mas houve confusão, e algumas pessoas se machucaram ao tentar fugir.
As labaredas atingiram a cobertura do terminal de ônibus, feita de fibra de vidro, um material inflamável. O prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busatto, disse que fará um serviço emergencial para não deixar passageiros ao relento. O valor a ser gasto ainda é estudado.
Em nota, a empresa Vicasa lamentou o ocorrido e disse que ainda na manhã de terça-feira (27) profissionais da empresa estiveram no local para prestar assistência necessária e apoio psicológico às vítimas.