A agricultora Neusa Rodrigues foi acordada por volta das 0h30min desta terça-feira (27) com uma ligação de um hospital da Região Metropolitana. No telefonema, informaram que o tio dela, o cobrador de ônibus Osmar da Rosa, 59 anos, estava internado em estado grave após inalar fumaça durante incêndio a um coletivo da empresa Vicasa, em Canoas. De imediato, ela e a filha se deslocaram da cidade de Cerro Branco, na Região Central, até o hospital.
Osmar é uma das 14 pessoas que ficaram feridas após o ataque ocorrido no fim da noite de segunda-feira (26). Entre as vítimas, está uma gestante. Segundo a assessoria do hospital para onde foi levada, em Canoas, ela está grávida de aproximadamente três meses.
— Tomamos um susto e já pensamos no pior, pois ninguém costuma ligar essa hora. Ainda não conseguimos ver ele, mas nos passaram que o quadro de saúde é delicado — conta Neusa.
Segundo a agricultora, Osmar trabalha há 35 anos como cobrador da Vicasa. Mas, no momento do ataque, não estava atuando.
— Havia encerrado o trabalho e estava voltando para casa — lamenta.
Conforme o último boletim médico, Osmar está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e o quadro de saúde dele é grave. E ele não é o único. Em outro hospital, uma passageira do coletivo atacado, gestante, também tem quadro grave. Outras três pessoas seguem internadas, sendo duas em observação e outra com quadro de saúde estável.
— O tio já encaminhou toda a documentação para a aposentadoria e a ideia dele é ir morar no interior, perto dos familiares — conta.
Motivação é investigada
A Polícia Civil informou que já tem suspeitos do crime e está trabalhando na tentativa de prender os responsáveis. Além disso, os investigadores analisam imagens de câmeras de segurança para acompanhar o percurso realizado pelos criminosos. A motivação para o ataque ainda é desconhecida.
— Estamos analisando as prisões realizadas nos últimos dias em Canoas, para ver se poderia haver alguma retaliação, mas essa possibilidade perdeu força. Vamos seguir realizando buscas para prender os responsáveis — disse o diretor do 2º Departamento de Polícia Regional Metropolitana (DPM) de Canoas, Mario Souza.
Conforme a Brigada Militar, os criminosos, que usavam toucas, chegaram em um Palio, por volta das 23h50min. Um deles entrou no coletivo e jogou combustível no veículo. Os homens teriam mandado os cerca de 15 passageiros — além do motorista, do operador e de um fiscal — saírem do ônibus. Houve confusão, e algumas pessoas se machucaram ao tentar fugir.
Em nota, a empresa Vicasa lamentou o ocorrido e disse que ainda pela manhã profissionais da empresa estiveram no local para prestar assistência necessária e apoio psicológico às vítimas.