Um dos três criminosos suspeitos da morte do soldado Gustavo de Azevedo Barbosa Junior, 26 anos, nem poderia estar nas ruas na madrugada da última quarta-feira (10), quando ocorreu a troca de tiros na zona sul de Porto Alegre. Dejair Quadros de Almeida, 24 anos, conhecido por Kiko, deveria estar em sua residência usando tornozeleira eletrônica. Entretanto, o equipamento que serviria para controlar a movimentação de Kiko foi rompido duas vezes, a última em novembro do ano passado. Por essa violação, o rapaz era considerado foragido da Justiça.
Kiko é o único ainda não localizado pela polícia pela morte do PM. No mesmo dia do crime, um adolescente de 17 anos foi apreendido e Luiz Vinicius Alves de Azevedo, 21 anos, foi preso. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que Kiko foge do local do crime, na madrugada de quarta-feira (10).
Mas a morte do PM não foi o único crime cometido por Kiko após deixar a prisão. Ele se envolveu em uma tentativa de homicídio, em maio deste ano, quando um homem foi baleado sete vezes, mas conseguiu sobreviver. Também é investigado por envolvimento em um assassinato. Entretanto, como o caso ainda está em apuração, a polícia não passou detalhes.
Na ficha criminal de Kiko, constam dois outros crimes antigos. Em abril de 2014, foi preso por portar um revólver calibre 38 na zona sul de Porto Alegre. Na época, alegou que a arma era para proteção pessoal. Passado pouco mais de dois anos, roubou o carro de uma mulher junto com um comparsa, também na capital gaúcha.
Foi pela prática desse roubo que a tornozeleira entrou em cena. A justiça o condenou a oito anos de prisão. A defesa de Kiko recorreu e em junho de 2017 conseguiu reduzir a pena para pouco mais de seis anos, decisão tomada por três desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Em novembro de 2017, o rapaz conseguiu a progressão para regime semiaberto. Por falta de vagas, foi concedida prisão domiciliar, mediante usso de tornozeleira.
Conforme a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), o equipamento foi colocado em 6 de abril do ano passado e posteriormente rompido pelo detento. Ele recebeu um nova tornozeleira em 13 de julho, que acabou sendo rompida novamente em 29 de novembro. Em 2 de janeiro deste ano, a Justiça acabou revogando o monitoramento eletrônico por considerar que o condenado infringiu as regras do cumprimento de pena. No final de janeiro, ele passou a ser considerado foragido pela Justiça.
Passado de crimes
18 de abril de 2014
Abordado pela Brigada Militar, Kiko foi encontrado com um revólver calibre 38, carregado com seis balas, no bairro Santa Tereza, na zona sul de Porto Alegre. Próximo de completar um ano do crime, foi condenado a três anos de prisão em regime aberto. A pena privativa de liberdade foi substituída por 1095 horas de prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo. A defesa do réu pediu a absolvição, o que foi analisado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que negou o pedido. Em 9 de novembro de 2017, o processo foi encerrado, sem possibilidade de recorrer.
24 de junho de 2016
Na noite de 24 de junho, Kiko e um comparsa roubaram um Hyundai i30 de uma mulher. Também foram tomados celulares e bolsas da motorista e de duas passageiras. Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público, os dois criminosos abordaram as vítimas e, com uma arma em punho, anunciaram o assalto. Cerco de 40 minutos depois, policiais militares localizaram a dupla em um táxi. Eles foram levados para a delegacia e reconhecidos pelas vítimas. Para a Justiça, os dois negaram envolvimento no crime. Em decisão de 18 de dezembro de 2016, o juiz Joni Victoria Simões destacou que não restavam dúvidas da participação dos dois no roubo, levando em conta não existir motivo para que as vítimas "imputassem falsamente aos acusados a autoria do delito". Pelo crime, Kiko foi condenado a oito anos de prisão em regime fechado.
29 de junho de 2017
Em decisão de segundo grau, três desembargadores decidiram reduzir a pena de Kiko e de seu comparsa. A condenação baixou de oito anos para seis anos, dois meses e 20 dias de reclusão.
13 de novembro de 2017
Kiko obtém progressão de regime para o semiaberto. Por falta de vagas, foi concedida prisão domiciliar, mediante uso de tornozeleira eletrônica. A primeira tornozeleira é colocada em 6 de abril de 2018
29 de novembro de 2018
Kiko rompe a tornozeleira, colocada em 13 de julho de 2018.
2 de janeiro de 2019
Justiça revoga o monitoramento eletrônico e decide que ele deva voltar a cumprir a pena em regime fechado. Em 29 de janeiro, ele passou a ser considerado foragido pela Justiça.
15 de maio de 2019
Kiko se envolve na tentativa de homicídio de um homem, que foi atingido por sete tiros, mas conseguiu sobreviver. Ele acabou indiciado por participação nesse crime.
10 de julho de 2019
Policial militar é atingido com tiro no rosto por criminosos que estavam em carro.