
Um carro de luxo blindado, autorizado judicialmente para uso da Polícia Civil, segue sem rodar há mais de um ano. No começo do ano passado, a Mercedes-Benz CLS-500, avaliada em quase R$ 200 mil, chegou a ser adesivada e era anunciada para ir às ruas em março de 2018. Duas situações acabaram barrando os planos.
Segundo o delegado Paulo Perez, a autorização provisória para uso do veículo, concedida pela Justiça estadual em 18 de dezembro de 2017, deixou de valer. Em novembro de 2018, uma investigação da Polícia Federal (PF) identificou que o veículo seria de um grupo investigado por tráfico internacional de drogas, que vinha da Bolívia, passava por território brasileiro e seguia de navio para a Espanha. Com isso, a Mercedes foi sequestrado pela PF e houve a declinação da competência. Ou seja, a autorização do uso agora precisa ser concedida pela Justiça Federal.
— Em tese, a autorização da Justiça estadual tacitamente está sem vigor — diz Perez.
Além disso, para utilizar o veículo era preciso fazer um pedido para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de São Paulo, onde foi emplacado. Como o documento era provisório e o carro apresentava problema nos freios, com conserto orçado em R$ 8 mil, a chefia da Polícia Civil decidiu esperar.
— Por ora, não vai ser usado. Vai ficar no depósito até a gente ver se tem autorização ou não — observou o delegado.
No dia 25 de fevereiro, o veículo deixou o pátio interno do Palácio da Polícia e foi levado para um depósito em Tramandaí, no Litoral Norte. A intenção do deslocamento é deixar o carro à disposição da Justiça, caso seja exigido pela Polícia Federal.
Veículo apreendido em ação contra tráfico
A Mercedes foi apreendida pela Brigada Militar em agosto de 2017. Na época, o traficante José Paulo Vieira de Mello, conhecido como Paulo Seco, ofereceu R$ 1 milhão como propina aos policiais para não ser preso. Além dele, outras oito pessoas estavam em um sítio e acabaram detidos.
A polícia primeiro abordou uma mulher, esposa do dono da casa. Depois, quatro viaturas foram até o sítio com a detida. Com a aproximação policial, um grupo tentou fugir, mas acabou preso. Entre eles, foi detido Marino Brum, foragido da Justiça por roubo de caminhões na região de Uruguaiana e condenado até 2029. Dois colombianos e outras seis pessoas acabaram detidos.
Além da Mercedes, havia outros oito veículos no sítio, que também tiveram o uso autorizado provisoriamente pela Justiça estadual. Em um dos carros foram apreendidos R$ 83 mil.

Camaro amarelo
Este não é o único veículo de luxo que pode integrar a frota da Polícia Civil. Na semana passada, a corporação anunciou que foi autorizada pela Justiça a utilizar um Chevrolet Camaro avaliado em mais de R$ 13o mil, apreendido durante a Operação Pólis, que investiga quadrilhas suspeitas de aplicar o golpe do bilhete premiado e de crimes de lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil, a expectativa é de que o veículo esteja apto para o policiamento ostensivo em até um mês.