O médium João de Deus foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás nesta sexta-feira (28) por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. O documento usado pelos promotores contém depoimentos de 19 mulheres que dizem terem sido abusadas pelo médium, envolvendo quatro possíveis atos criminosos. João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à polícia em uma estrada de Abadiânia.
De acordo com as promotoras que ofereceram a denúncia, Gabriella de Queiroz e Paula Moraes, os fatos relatados estão no inquérito policial que levou ao indiciamento do médium. A denúncia foi apresentada na Vara Criminal de Abadiânia e caberá à Justiça de Goiás definir se a aceita.
Dos depoimentos colhidos, 10 casos são considerados como prescritos — eles teriam ocorrido entre 1975 e 2018. Outros quatro casos, ocorridos entre abril e outubro deste ano, compõem a denúncia. De acordo com as promotoras, outros cinco casos ainda precisam de mais diligências para serem concluídos.
Ao todo, o Ministério Público de Goiás já ouviu 79 mulheres e recebeu mais de 600 notificações de abusos sexuais. De acordo com o MP, outras denúncias ainda poderão ser apresentadas.
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, disse que ainda não foi informado da denúncia. João de Deus está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia. A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas foi negado o habeas corpus em caráter liminar. Outro pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Justiça bloqueou R$ 50 milhões
O Tribunal de Justiça de Goiás determinou nessa quinta-feira, 27, o bloqueio de R$ 50 milhões das contas do líder espiritual João Teixeira de Faria, o João de Deus. O dinheiro será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado pelos crimes.
Nesta quinta, o juiz Wilson Safatle Faiad revogou uma das prisões do médium, que é investigado também por posse ilegal de arma de fogo. Ele continua preso em razão do mandado de prisão preventiva relativo às acusações de abuso sexual. No caso da arma, o juiz condiciona a revogação ao pagamento de uma fiança no valor de R$ 1 milhão, uso de tornozeleira eletrônica e entrega do passaporte.