Para enfrentar o desafio de empreender, apenados participantes do Ressocializa, projeto desenvolvido na Fundação Patronato Lima Drummond, na Capital, passam por curso no qual aprendem noções de administração, contabilidade e marketing. A complexidade dos temas é minimizada com apresentação em linguagem informal.
— A gente usa termos que são mais factíveis para eles compreenderem, como custo é tudo que a gente gasta, lucro é tudo que a gente ganha, fora as contas que a gente paga. A linguagem é bem direta — explica o professor Matheus Rosário.
A primeira semana do curso é intensa, com encontros diários. Os alunos discutem ideias e passos até a futura empresa, fazem pesquisa de mercado para verificar oferta do produto ou serviço em determinada região e avaliam o valor a aplicar.
Para fixar o preço, leva-se em conta a necessidade de aluguel de um ponto fixo ou a possibilidade de usar algum espaço em casa. Também são consideradas maneiras de divulgar o negócio. O projeto inclui ainda simulação de cenários pessimista, otimista e realista para o empreendimento. Ao final da primeira semana, há avaliação de custos, lucro e faturamento.
Engajamento na busca por lugar na sociedade
Depois, há mais dois encontros para fechar o plano de ação antes de a empresa abrir as portas. Entre as duas datas, os apenados são orientados a usar os sete dias por mês de liberação da fundação, aos quais têm direito por bom comportamento, para planejar o negócio in loco. Eles recebem ainda auxílio do professor via internet. No total, o acompanhamento do Ressocializa dura 90 dias.
O projeto reúne hoje 11 apenados. Apesar do número reduzido, o professor destaca o empenho dos envolvidos:— O engajamento é bem visível, de como eles entram no começo do curso e como saem. Conseguem enxergar não só uma esperança, mas também uma nova fonte de trabalho, de se recolocar na sociedade e no mercado de trabalho, que é uma dificuldade que se tem.Os participantes recebem certificado de 30 horas, que serve para remissão de pena.
Trabalho e estudo nas prisões
- 2,2 mil detentos do Estado estudam
- 11.907 presos trabalham, sendo 10.330 homens e 1.577 mulheres Fonte: Susepe