O esquema criminoso desarticulado nesta terça-feira (26) pela Polícia Civil roubava e clonava veículos para revender em 16 Estados, além de lavar dinheiro com imóveis, carros de luxo e empresas, obtendo até uma frota de automóveis. O grupo ainda aplicava golpes em instituições e no comércio. Mas para os roubos, principalmente em Porto Alegre, contava com o apoio de uma rede de autopeças clandestinas e com a participação de funcionários de Centros de Registros de Veículos Automotores (CRVAs).
Os criminosos, mais de 60 integrantes, possuíam oito pavilhões clandestinos no Rio Grande do Sul para desmanchar e clonar carros roubado. O locais também serviam como ponto de revenda de peças, ou a armazenagem delas para venda por meio de lojas virtuais. Os bandidos, que atuavam em escala industrial, lucrando até R$ 800 mil por mês, contavam ainda com a ajuda de Centros de Desmanches Veiculares (CDVs) e estavam planejando montar um estabelecimento próprio.
— Estavam até montando um CDV para obter diretamente o lucro, sem intermediários — diz o delegado Sander Cajal, diretor de Investigações do Deic.
Os delegados Adriano Nonnenmacher e Joel Wagner, da Delegacia de Roubos de Veiculos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), informaram que vários CDVs e CRVAs têm integrantes investigados por suspeita de corrupção. Por enquanto, os nomes não serão divulgados porque a investigação continua.
O esquema começava com os roubos de veículos de luxo e de médio valor na Capital e depois com o encaminhamento deles para oito pavilhões clandestinos. Nestes locais, com estruturas de grande porte e maquinário, efetuavam os desmanches e retiravam sinais identificadores dos carros. Os bandidos formavam "pacotes" ou "kits" com motores, caixas de câmbio, peças e demais acessórios de automóveis para posteriormente revender nos pavilhões ou em lojas virtuais. Mas também em uma rede de autopeças clandestinas nos CDVs.
Pavilhões
Ao longo da investigação, foram desativados pela Polícia Civil oito grandes pavilhões da organização, distribuídos em Porto Alegre, São Leopoldo, Alvorada e Sapucaia do Sul, sendo recuperados dezenas de veículos nestes locais, a maioria já desmanchada. Cajal suspeita que existem pavilhões de desmanches espalhados por todo do Estado. Nas locações destes imóveis, contavam com laranjas para o contrato e para fiança — eles usavam identidades falsas. Os integrantes do grupo que mais se destacavam ganhavam prêmios e todos recebiam pagamento de salários e até participação nos lucros.
CRVAs
Os criminosos contratavam seguros de diversas seguradoras do mercado brasileiro, pagando somente uma ou duas parcelas contratuais, para logo após aplicarem a fraude, com envolvimento de responsáveis pelas vistorias nos CRVAs, funcionários de empresas vítimas e de laranjas. Também utilizavam documentos e carimbos falsos de delegacias de polícia para a confecção de falsas ocorrências.