A cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, vem sendo destacada desde o ano passado como a mais segura do Brasil. O município foi citado em uma série de reportagens sobre os desafios da segurança no programa Fantástico, da Rede Globo, como a que tem a menor taxa de homicídios do país.
A reportagem foi feita pela catarinense Sônia Bridi e por Paulo Zero.
Os dados usados na reportagem são do Atlas da Violência, com índices de 2015. Jaraguá teve taxa de 3,7 mortes por 100 mil habitantes. Florianópolis, por exemplo, no mesmo ano, registrou taxa de 13,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes.
Escolaridade alta, jovens ocupados desde cedo, boa infraestrutura, participação comunitária e alto número de empregabilidade são alguns dos pontos destacados para os jaraguaenses. O município tem 170,8 mil habitantes.
Do lado oposto, está Altamira, no Pará, que tem praticamente o mesmo número de habitantes e registrou taxa de 107 assassinatos para cada 100 mil.
"O diferencial é o envolvimento das pessoas", diz comandante da PM
Nesta segunda-feira (23), ao Diário Catarinense, o comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar de Jaraguá do Sul, tenente-coronel Gildo Martins de Andrade Filho, falou sobre os motivos que levaram a cidade a conquistar o título. O comandante afirmou que o índice não foi obtido somente com policiamento:
— Seria petulância apontar só a polícia e (temos que apontar), sim, o Judiciário, Ministério Público, comunidade, entidades de serviços, empresários, imprensa, a prefeitura... Já vi reportagens dizendo que a polícia prende e o Judiciário solta. Aqui não é essa a realidade. Temos um alto número de condenações pelo tribunal do júri, nas audiências de custódia o preso tem certeza de que, por via de regra, ele está preso — afirma.
O policial acredita que outras medidas, com envolvimento do poder público, também são importantes para manter os índices baixos.
— Sou de Florianópolis, estou em Jaraguá do Sul há 13 anos. A limpeza chama atenção. Você não vê sofá, garrafa PET em rios ou bituca de cigarro nas ruas. Temos uma parceria com o município para fiscalizar ambulantes, o trânsito e até 250 presos do regime semiaberto — analisa.
O comandante destaca ainda a participação da comunidade no repasse de informações à polícia:
— As principais ligações que recebemos no 190 são do pessoal ligando para averiguação, atitude suspeita. Eu sempre digo: o diferencial aqui é o envolvimento das pessoas, do coletivo.