Durante três anos de investigação, agentes da 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) monitoraram e buscaram provas sobre a venda de trufas e ovos de chocolate com maconha na região metropolitana de Porto Alegre. Na madrugada desta quinta-feira (22), em uma ação em Gravataí, foram presos quatro traficantes e apreendidas 16 caixas com ovos de Páscoa.
O delegado Guilherme Calderipe, responsável pela investigação, diz que os criminosos tinham até as receitas disponíveis com a quantidade exata de chocolate e de drogas para cada unidade. Para os chamados clientes VIPs, ainda era colocado dentro das embalagens um cigarro de maconha. A venda e a distribuição era feita principalmente pela internet.
— Na fábrica artesanal, foram apreendidas anotações com a receita dos chocolates, indicando a porcentagem de maconha a ser incluída no recheio e outras orientações de preparo e encomendas — ressalta Calderipe.
Das 16 caixas com ovos de chocolate, em oito delas havia junto cigarros de maconha. As embalagens estavam endereçadas para várias cidades no entorno da Capital.
As prisões foram em flagrante. Nenhum dos detidos tinha antecedentes criminais, e o objetivo agora é verificar a participação de outras pessoas no esquema. Eles devem responder por tráfico de drogas, com pena de 5 a 15 anos de prisão, e associação ao tráfico, com pena de 3 a 10 anos.
O Denarc não divulgou os nomes dos presos pelo fato de que ainda aguardará resultado pericial. Todo o material apreendido será enviado para o Instituto-Geral de Perícias (IGP) para avaliação da presença de maconha e também de outras drogas como cocaína ou MDMA (princípio ativo do ecstasy).
Ofertas pela internet
Calderipe afirma que o grupo fazia postagens na internet, principalmente, em uma rede social, anunciando a venda de produtos feitos com maconha, o que incluía ovos de páscoa, com valores a partir de R$ 45, e trufas a R$ 7, entre outros alimentos.
Apenas usuários específicos tinham acesso a essas páginas. Os traficantes também avisavam que só podiam vender produtos para a Região Metropolitana já que ainda não tinham tele-entrega para longas distâncias.
— A quadrilha tinha muitos pedidos. Havia o risco de crianças consumirem esses ovos por engano — alerta o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza.