Cinco suspeitos de intimidar e extorquir motoristas no bairro Azenha, em Porto Alegre, foram alvo de uma operação da Polícia Civil, na manhã desta sexta-feira (22). Segundo a polícia, eles realizavam serviços em veículos na rua, mas foram flagrados ameaçando pelo menos 20 clientes, a maioria idosos ou mulheres. Quatro suspeitos foram presos durante cumprimento de mandados de prisão preventiva na manhã desta sexta. Um dos suspeitos não foi localizado durante a manhã e, após diligências da Polícia Civil na zona leste de Porto Alegre, foi capturado no Campo da Tuca, no início da tarde. Os nomes dos presos não foram divulgados pela polícia.
Conforme o chefe de investigação da 20ª Delegacia de Polícia, Luís Zottis, os criminosos abordavam as vítimas na Avenida Azenha, mas o serviço ocorria em frente a lojas na Rua Professor Freitas e Castro. Alguns atuavam no local há cerca de uma década. O grupo fingia realizar serviços nos veículos e chegava a faturar, enganando as pessoas, em média R$ 6 mil por dia.
Ao longo de cinco meses, a investigação descobriu casos como de uma idosa que procurou o serviço para arrumar uma lâmpada de freio, o que custaria em torno de R$ 20. No entanto, após ser enganada e intimidada, ela pagou o serviço com dois cheques de R$ 3 mil.
Até 2014, o esquema era comandado por um homem que acabou sendo assassinado por integrantes de uma facção criminosa. Depois disso, os cinco investigados, alvos da operação, passaram a dividir o comando das ações. Para flagrar a ação dos criminosos, uma policial se passou por cliente.
Como funcionava o golpe
Segundo o chefe de investigação, a abordagem ocorria na rua, em frente a lojas de autopeças. Após a vítima ser escolhida, um deles pedia para fazer um teste e nesse momento apareciam os outros golpistas, de forma intimidadora e apontando vários problemas no veículo.
— Um deles leva o cliente para a parte traseira do carro, do lado de fora, para ver a luz de freio ou o pisca. Outro fica dentro do carro e, ao invés de pisar no freio, pisa na embreagem. Faz um falso teste — exemplifica Zottis.
Muitas vezes os criminosos realizavam somente um serviço básico ou não chegavam a fazer nada no veículo, mas cobravam por diversos reparos. O pagamento do serviço ocorria na rua mesmo. Segundo a polícia, o golpe não tinha a conivência dos lojistas e alguns comerciantes chegavam a ser intimidados e até ameaçados.
— Importante que denunciem casos como este. Essa investigação começou com uma denúncia para a DP. Também pode ser feita pelo site. Quem tiver ou teve problemas na Freitas e Castro, é só nos procurar na 20ª Delegacia - explica o delegado Tiago Baldin, titular da 20ª DP.