A aproximação entre população e Brigada Militar (BM) por meio de bases móveis comunitárias entrará em nova etapa em 2018, quando o Estado promete dobrar a quantidade de veículos nas ruas. Mais nove viaturas serão agregadas ao projeto de policiamento, promovendo a expansão para cidades como Viamão e Alvorada. Porto Alegre tem quatro micro-ônibus e deve receber outras seis unidades.
Lançado em julho de 2016 pelo governador José Ivo Sartori, o projeto previa coletivos equipados com computadores ligados ao sistema Consultas Integradas — que possibilita pesquisar dados sobre pessoas, veículos e armas. Os coletivos têm cinco câmeras de monitoramento e nove telas que permitem o acompanhamento, inclusive, de imagens de outras câmeras espalhadas pela área de atuação. Conforme o coordenador-adjunto de polícia comunitária da BM, major André Marcelo Ribeiro Machado, os equipamentos não estão em operação.
— O que interessa para nós, da Brigada Militar, é a metodologia de trabalho. Com o micro-ônibus, a gente dá visibilidade ao policiamento, fica mais perto da população, consegue promover campanhas, palestras e outras ações programadas — comenta.
Os veículos existentes estão distribuídos, atualmente, na Capital, na Região Metropolitana e na Serra (leia quadro ao lado). Segundo o comandante-geral da corporação, Andreis Silvio Dal'Lago, os pontos são selecionados levando em conta estatísticas da criminalidade.
— As áreas escolhidas receberão investimentos em programas sociais para minimizar a violência. Serão espaços de recreação e centros de serviços. Como parte desta estratégia está a presença mais efetiva da Brigada Militar — explicou o major Ribeiro.
Patrulhamento em área determinada, mas sem data
Os policiais que atuarão nas bases móveis estão sendo capacitados para atendimento ao público, registro de ocorrências e para prevenção de crimes por meio de patrulhamento comunitário no perímetro de dois a três quilômetros ao redor do ponto de estacionamento do veículo. Não há uma data prevista para começo das atividades nem para aquisição dos veículos.
— Serão de seis a oito policiais que se revezarão em boa parte do dia.
Essa equipe terá motos à disposição.
O comandante será orientado a interagir com as lideranças da região para entender os problemas daquela comunidade — conclui o major.
DETALHE GAÚCHAZH
Em 2011, no governo Tarso Genro (PT), foi lançado o projeto Território da Paz. Com verbas do Ministério da Justiça, o projeto se propunha a reduzir os índices de violência e dar mais oportunidades de ensino, trabalho e lazer à comunidade, inicialmente nos bairros Bom Jesus, Restinga Velha, Lomba do Pinheiro e Cruzeiro, todos na Capital. A ideia acabou não dando certo.
Em Caxias do Sul, de projeto-piloto ao dilema
Um impasse na parceria entre a prefeitura de Caxias do Sul e o governo do Estado coloca em dúvida a continuidade do policiamento comunitário na cidade que teve o projeto-piloto lançado há cinco anos e apostava na aproximação entre policiais e moradores para reduzir a criminalidade. A estratégia, outrora apontada como exemplo para o Estado, está prejudicada pela diminuição do efetivo policial ao longo dos anos e não há certeza do cumprimento dos objetivos na maioria dos bairros.
Ainda assim, a iniciativa mantém ampla aprovação popular e é apontada como o primeiro passo para uma cidade mais segura. Levantamento do jornal Pioneiro mostra que apenas nove dos 24 núcleos de policiamento comunitário funcionam plenamente e realizam trabalho preventivo em bairros e loteamentos da segunda maior cidade do RS — no município, conforme a BM, há uma base móvel comunitária.
A maioria dos moradores compreende as dificuldades da BM e evita criticar o programa com receio de que gestores públicos usem isso como argumento para dar fim à iniciativa. Ou seja, se no presente ainda não é possível contar plenamente com PMs atuando e residindo nos bairros, as comunidades defendem que esse seja o cenário do futuro.
A popularidade do policiamento comunitário, inclusive, parece ser a explicação para que governo estadual e prefeitura evitem críticas ao programa. Nos bastidores, no entanto, as administrações do governador e do prefeito Daniel Guerra (PRB) resistem em encontrar soluções para o projeto. A falta de ações de ambos os lados resultou no vencimento — em 17 de setembro — de um dos três convênios do programa e gera incertezas sobre o futuro do policiamento comunitário. Quem garante a continuidade do projeto é a própria Brigada Militar.
O comandante-geral da corporação, coronel Andreis Silvio Dal'Lago, salienta que, além de uma estratégia de atuação, o policiamento comunitário é uma filosofia de trabalho.