Preso em casa por volta das 6h desta quinta-feira, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, prestou depoimento na Polícia Federal de Florianópolis do início da manhã, entre 8h30min e 9h, até pouco depois das 14h. Conforme informações repassadas por uma das advogadas de defesa, Nívea Dondoerfer Cademartori, Cancellier respondeu todas as perguntas feitas pela PF com tranquilidade. A prisão, temporária para prestar esclarecimentos, tem validade por cinco dias. No fim da tarde, segundo a própria polícia, Cancellier e os demais presos na Operação Ouvidos Moucos, que investiga desvio no uso de recursos públicos em cursos de educação à distância, foram encaminhados para a penitenciária masculina de Florianópolis. A defesa do reitor já prepara um pedido de revogação da prisão.
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Confira na íntegra a entrevista com a advogada de defesa do reitor, Nívea Dondoerfer Cademartori
Como foi a condução dele? Que parte você conseguiu acompanhar?
Acompanhei todos os momentos desde que ele foi trazido para cá, quando fui comunicada, que ele ligou solicitando acompanhamento na oitiva dele. Ele foi ouvido, começou por volta das 8h30min, 9h, não sei dizer o horário exatamente, mas foi por volta disso, e terminou após às 14h. Ele esclareceu todos os questionamentos da Polícia Federal, ele realmente não tem participação em nenhum ilícito penal, então a gente vai tentar entrar hoje mesmo com o pedido de revogação da prisão. A gente espera realmente que ele seja liberado, até por que não tem motivo para a manutenção da prisão dele. Ele vai se disponibilizar para a Justiça para qualquer outro esclarecimento necessário. Ele estará à disposição.
Você comentou que ele não praticou nenhum ato ilícito...
É, isso vai ser comprovado no decorrer do processo. A defesa vai nessa linha. A gente ainda não teve acesso integral a todos os processos. A Polícia Federal tem que liberar e estou aguardando a liberação disso para a gente poder ter ciência total do que há nos autos, para saber quais são as acusações. Que, na verdade, não são acusações formais, é uma investigação. Não há nenhuma acusação. Há uma investigação. Ele é um investigado.
A corregedoria afirma que, quando foram identificadas irregularidades, foi pedido que a UFSC fizesse correções. Ele falou algo sobre isso?
Todo o procedimento que a corregedoria encaminhou foi feito. Não sei agora, não temos informações se já teve um parecer final. Mas a UFSC, o reitor mesmo, teve o encaminhamento total. Há essa informação de que a reitoria deixou de prestar esclarecimento ou de não dar andamento a uma denúncia de algum fato ilícito. Isso realmente não aconteceu.
Em que época foi isso?
Isso eu não posso lhe dizer, por que realmente ainda não tenho acesso integral a isso.
E é afirmado também que o reitor teria recebido bolsas para atuar como tutor em alguns casos. Ele comentou algo sobre isso com a defesa?
Não. O reitor, antes de ser reitor, ele atuou como professor em alguns casos de bolsa, mas sempre da forma normal como ocorre. Os professores trabalham e com isso têm o recebimento, mas nada de forma irregular.
E há também o indício de que ele teria obstruído as investigações. Isso ocorreu? Por quê a polícia entende isso?
De forma nenhuma. Não teve nenhuma obstrução de investigação.
Qual o próximo passo agora? Há um prazo para a resposta do pedido de revogação da prisão?
Na verdade ele (o reitor) está em prisão temporária e ela, inicialmente, seria de cinco dias. Ela pode vir a ser revogada em qualquer momento. Hoje, amanhã ou aguardar o prazo de cinco dias. A polícia pode entender que há algum indício ou alguma coisa e pode vir a pedir a prisão preventiva, que é aquela prisão central. Mas, por enquanto, a que foi pedida é realmente para esclarecimentos. A prisão dele é temporária para prestar esclarecimento à Polícia Federal sobre o que ela acha necessário.
Então, no cenário de hoje, após esses cinco dias ele seria liberado?
Isso, em tese sim, se não houver nenhum outro pedido de prisão preventiva por algum outro motivo ele será liberado.