Os perfis dos integrantes das organizações criminosas responsáveis pelos ataques a bancos no Rio Grande do Sul estão claros para a Delegacia de Repressão a Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). São, em geral, foragidos do semiaberto com experiência no manuseio das armas. Conseguem, se necessário, ficar dias embrenhados nas matas. Esses conhecimentos, repassam para os comparsas, fazendo com que a prática se perpetue caso o líder seja preso. Escolhidos a dedo, novatos nessas investidas chegam motivados ao grupo e seguem orientações dos veteranos. Para driblar as investigações, por exemplo, os bandos pouco se comunicam em meios tradicionais e chegam a fazer reconhecimento prévio das matas próximas. Durante o ataque, para não deixar rastros, usam luvas e máscaras. Na fuga, queimam os carros.
– Fatos assim exigem investigação complexa, por vezes demorada – explicou o delegado Joel Wagner.
Entre os bandidos que agem com explosivos à noite, há quatro nomes conhecidos da polícia, sendo que dois – Deyvid Possa, o Alemão, e Diego Alexandre Menezes Rios, o Guinimen – foram presos em junho. Outro, Edilson Muller Carvalho, o Passarinho, até então procurado número 1, morreu afogado no Rio Mampituba em Passo de Torres no dia 9 de março.
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– Passarinho era o líder de um grupo extremamente violento. Cabia a ele organizar a logística, escolher os alvos e conseguir o armamento pesado para os ataques. Liderava um dos principais bandos responsáveis pelos ataques a bancos – apontou Wagner.
A polícia informa que os explosivos chegam aos bandos são furtados de empresas autorizadas ao uso pelo Exército ou sobras desviadas de detonações.
– A melhor maneira de evitar novos ataques é realizando investigações qualificadas, para prender e antecipar as ações. Por isso, buscamos sempre o alinhamento das instituições para a produção de provas. O foco da Polícia Civil neste momento é colhê-las para responsabilizar e prender esses criminosos – reforça o delegado João Paulo de Abreu.
Ex-secretário nacional de segurança pública, o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva Filho ressalta que o "controle do crime depende da eficiência da resposta da polícia". Para ele, esse aumento da violência está vinculado à crise de segurança pela qual passa o Rio Grande do Sul.
– O grande fator de resposta é a inteligência feita, principalmente, pela Polícia Civil. Tem de investigar o que está por acontecer, identificar os principais criminosos e como recebem as informações. O governo tem de reforçar áreas de inteligência da polícia – analisa.
Abaixo, lista dos 10 assaltantes de banco mais procurados do Rio Grande do Sul. Alguns são especialistas em atuar à noite, com explosivos, e outros, durante o dia, quando as agências estão em horário de expediente. O Deic pede que qualquer informação seja repassada ao telefone 0800-510-2828. O sigilo é garantido.