Com um suspeito preso, o assassinato do jornalista Tagliene Padilha da Cruz,
33 anos, completou um mês nesta quarta-feira (24).
O crime ocorreu no apartamento da vítima, no bairro Farroupilha, na área central de Porto Alegre. A morte, de acordo com laudo do Departamento Médico Legal, foi por asfixia. Roupas, calçados, um notebook e um celular do jornalista foram levados pelo autor.
Imagens de câmeras de segurança e vestígios deixados no apartamento da vítima ajudaram a polícia a chegar ao suspeito, encontrado em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos em Carlos Barbosa, na Serra, no dia 11 deste mês. Ele negou a autoria, mas, no momento da prisão, calçava um tênis do jornalista.
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O também jornalista Filipe Duarte publicou em redes sociais um texto em homenagem ao amigo. Confira:
Um mês sem a ficha cair
Hoje faz um mês. Dizem que a ficha um dia vai cair. Mas o que isso significa? Ouvi teu nome completo nas rádios, vi tuas fotos no jornal e até um vídeo em que tu aparece na televisão. Parece mentira!
Às vezes, cruzo em frente ao teu prédio, achando que vou te abanar no portão e receber um convite: "E aí, bugrinho, quando é que vamos fazer um churras?!".
No último protesto parei na esquina, com uma garrafa de cerveja na mão, acendi um cigarro em tua homenagem e fiquei te esperando passar. Não vieste! Cheguei a ouvir tua voz perfeitamente gritando junto com todo mundo: "Fora Temer! Fora Temer!"
Não te culpo pela ingenuidade. A vítima nunca é a culpada! Nem sinto raiva de quem te arrancou à força do mundo. Aliás, consigo te imaginar sentado na mesa de um bar, às risadas (e ouço a tua gargalhada), contando como foi que escapaste dessa enrascada. Seu louquinho!
Por isso, não brado pela pena de morte – sei que tu também era contrário a ela. Queria que o M.S.M (25 anos) – conforme a polícia divulgou – entendesse a bobagem que ele fez. Que se arrependesse de ter nos privado de conviver mais um pouco contigo.
Quem sabe ele próprio, se tivesse ficado mais algumas horas, dias, semanas e meses ao teu lado, iria aprender como a vida merece ser plenamente vivida. Este é o ensinamento que me passaste, mesmo sem querer.
Deu vontade de ir à praia? Vamos! Está de folga no final de semana? Vamos ao Uruguai! Ou ao Rio de Janeiro! E nem adianta marcar hora, porque tu sempre chegaste atrasado. Dorminhoco!
Sou uma pessoa melhor graças ao tempo em que pude conviver contigo. Uma pessoa mais tolerante, feliz, com a mente aberta…