O sinal verde para que o Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) desse início à Operação Imortal, desencadeada no começo da manhã desta quarta-feira no bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre, aconteceu no começo da tarde de terça. Foi quando a Justiça Federal autorizou a transferência de José Dalvani Nunes Rodrigues, o Minhoca, da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) para a Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
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Apontado como um dos principais articuladores de uma facção criminosa na Região Metropolitana, Minhoca tem seu reduto justamente na Vila Safira, onde a ação envolvendo 600 policiais civis teve seu principal foco. De acordo com o chefe de polícia, delegado Emerson Wendt, além da transferência, o reforço de policiais nas ruas da Capital, anunciado na última semana, foi fundamental para a escolha do momento dessa operação.
– Foi resultado de uma investigação de um ano. A nossa intenção com a operação era ocupar esse território que é um dos mais delicados de Porto Alegre. É um lugar onde o tráfico de drogas amedronta e se utiliza da população – explica o delegado Guilherme Calderipe, que comandou a investigação pelo Denarc.
Durante a ação, que teve 95 mandados de busca e de prisões decretadas pela Justiça, foram presas 18 pessoas – outras 14 haviam sido presas durante a investigação, e dois investigados morreram no curso da apuração –, com apreensões de uma espingarda calibre 12, uma pistola e um revólver, além de dois pés de maconha, um machado e dinheiro.
De acordo com o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza, a apuração foi iniciada no ano passado com a intenção de desarticular o bando liderado por Minhoca. Em agosto, ele acabou preso no Paraguai durante uma ação da Delegacia de Capturas, do Deic, e desde então permaneceu preso em Charqueadas.
Decapitações
Nas ruas, durante a apuração especializada no tráfico de drogas, estourou a guerra entre a facção liderada pelo traficante contra rivais, que têm entre seus principais redutos o Loteamento Timbaúva, também no bairro Mario Quintana. A disputa é apontada pela polícia como o estopim para a repetição de crimes bárbaros, com decapitações das vítimas em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
Conforme as investigações do Departamento de Homicídios, porém, o grupo liderado por Minhoca não é considerado o principal responsável por esses atos. Entre o ano passado e os primeiros meses de 2017, 23 pessoas foram decapitadas na região. Em quatro casos é possível determinar que a facção atuante na Vila Safira possa ter a autoria. Em outros 14 casos há suspeita de que os rivais tenham cometido.
Na ação da manhã desta quarta, nenhum mandado foi cumprido no Loteamento Timbaúva, onde o bando rival controla o tráfico de drogas.
– As investigações prosseguem, porque o foco principal do Denarc é atuar com todas as forças em locais onde aconteçam crimes violentos, como homicídios, relacionados ao narcotráfico – resume o delegado Mario Souza.