Uma menina de um ano e oito meses ficou gravemente ferida após ser ferida por golpes de madeira na tarde deste sábado, 18 de março, no bairro Rio Bonito, na zona rural de Joinville. O ataque ocorreu durante uma discussão entre o proprietário da quitinete onde a família morava, a mãe e o avô da criança.
Segundo a versão da mãe, Charlene Rodrigues, 23 anos, apresentada à Delegacia de Homicídios, o agressor utilizou um pedaço de pau para intimidá-los enquanto os acusava de furto. Além disso, já havia problemas entre o locatário e os inquilinos a respeito de atraso de aluguel.
O que aconteceu antes da agressão?
Charlene Rodrigues: O seu Alex chegou em casa acusando meu pai, que ele estava roubando coisas na parte da laje. Meu pai estava com a minha menina do lado, não estava fazendo nada. Meu pai pegou a menina no colo e trouxe para mim. Nesse meio tempo, ele [o acusado] foi até o carro e pegou um pedaço de pau e veio para cima do meu pai.
Houve discussão?
Charlene: Não, pela parte do meu pai, não. Quem começou a berrar lá embaixo que estavam roubando coisas foi o seu Alex.
Roubando o que?
Charlene: Não tinha nada para roubar lá em cima. Tinha madeira seca e velha, e lixo. Ele já chegou berrando com o meu pai.
Disseram que era por causa de rabicho, de alguel atrasado?
Charlene: Na verdade, atrasou o aluguel 20 dias. Dia 10, que eu pagava aluguel, no dia 13, ele foi lá e cortou minha luz. Deixou eu e a minha menina sem luz. Nesse meio tempo, até o dia 20, ele foi lá e cortou a água. Foi aí que meu pai foi lá e puxou rabicho, para não deixar eu e a minha menina no escuro. Chegou dia 20, eu fiz meu acerto e saí do serviço. Eu cheguei e ofereci o dinheiro, disse que podia até dar um tanto a mais pelos dias que atrasou. Ele não quis e pediu a casa. Eu disse que não podia sair, que tinha que ver outra casa para morar e estava desempregada. Agora, eu já tinha amontoado minhas coisas para sair de casa e ele faz isso.
Isso, no dia 20 do mês passado?
Charlene: De janeiro. Janeiro que aconteceu isso. Em fevereiro era para eu ter saído. Mas aí eu fui atrás de advogado para entrar na justiça por ele ter cortado minha água e minha luz.
Ele pediu para você sair em janeiro, e você não tinha para onde ir?
Charlene: Não tinha para onde ir. Agora até tinha falado com a minha mãe para ficar lá nesses últimos dias. Arrumei minhas coisas, meu marido estava vendo lugar para alugar. Aí, do nada ele foi lá, estava arrumando os canos, e desceu e começou a acusar meu pai. Foi no carro, pegou o pedaço de pau e veio para cima do meu pai. Meu pai ficou parado, com o braço para trás, só olhando, não reagiu nem nada.
E como ele agrediu?
Charlene: A minha menina estava no meu colo. Ele derrubou meu pai no chão com duas pauladas, aí eu berrei. Quando eu berrei, ele veio com o pedaço de pau e acertou aqui assim nela, já levantou. Eu já desesperei, saí correndo com ela no colo, ele veio e deu uma paulada nas minhas costas. Eu saí correndo e ele veio correndo atrás de mim com o pedaço de pau. Todo mundo olhando e ninguém fez nada. Eu comecei a berrar "ele acertou minha filha, alguém chama a ambulância". Aí, nisso, acho que a mulher dele tinha ligado para a polícia. A viatura chegou lá, eu entrei e peguei a pasta com os documentos. A viatura chamou o helicóptero, que desceu no posto e pegaram ela.
Alguém voltou lá à noite e destruiu tudo. Você sabe quem foi?
Charlene: Eu não sei, eu não fui. Eu estava no Hospital com ela. O pessoal, decerto, que se revoltou. O cara fazer isso com uma criança, ele vendo que eu tava com a menina no colo. E depois de acertar ela ele vir atrás de mim, dar uma paulada. Todo mundo ia se revoltar.
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Este é o segundo caso envolvendo agressão a criança menor de três anos nesta semana em Joinville. Na quarta-feira, um homem derrubou combustível no filho e ameaçou colocar fogo na casa e na criança, na zona Sul da cidade.
Delegado espera que agressor se apresente nesta segunda-feira
O delegado Fabiano Silveira, da Delegacia de Homicídios, espera que o suspeito se apresente com seu advogado de defesa ainda nesta segunda-feira. Foram empreendidas buscas pela Polícia Militar durante o sábado e o domingo e, por enquanto, o homem de 47 anos é considerado foragido. Segundo o delegado, não há registro de ocorrências criminais contra ele.
- É um litígio civil, está claro para nós que a motivação é um desacerto com o contrato de aluguel deles - avalia Fabiano.
No domingo, ele ouviu o depoimento de Charlene, e espera que possa conversar com Rumão ainda hoje, se ele receber alta. Outras testemunhas também serão ouvidas, assim como a versão do suspeito, para entender o que levou ao crime. O que, no inquérito, não muda a gravidade da ocorrência.
- Essa questão [o atraso no aluguel e a suspeita de furto] torna-se apenas um acessório em relação à desproporção entre a motivação e a ação dele. Uma criança foi ferida, e todo o resto fica muito pequeno perto disso - afirma o delegado.